terça-feira, maio 04, 2010

Postal de Barcelona

Indios de Barcelona.
Assim se chama uma de entre várias grandes músicas de Manu Chao. É um dos meus cantores favoritos e uma das (muitas) razões para tal é a forma como traduz em música, sem rodeios de espécie alguma, aquilo que se passa nas ruas e no mundo.

Nesta música o Manu Chao ilustra na perfeição o caos que se vive nesta cidade. Um caos que é, afinal, de certa forma paradoxal. Numa cidade feita de quarteirões, paralelas, perpendiculares, uma rua pra esquerda, outra pra direita, aquela pra cima, a outra pra baixo, diagonal ao meio, cruza com Passeio, Praças nas pontas...

Barcelona é uma cidade grande. Ruas largas, largos passeios, prédios altos ao estilo antigo, com varandas de ferro e portas altas, pesadas e trabalhadas. Se me puser numa determinada posição no sofá, deixo de ver carros e estrada e ao ver os prédios do outro lado da praça penso que podia perfeitamente estar em plenos meados do séc. XX. Se, no entanto, levantar a cabeça, a minha paisagem urbana glamourosa é invadida pelas três gruas que ornamentam a Sagrada Família, essa monumental obra que para mim e para muitos catalães, de Gaudí já só tem mesmo um terço.

Barcelona é uma cidade clara. Muita luz, muito sol, parques onde usufruir de ambos, o mar, a marina, a beleza picada de Barceloneta. Porém, se vou ao Raval, invade-me o granito, as ruas estreitas e sombrias, com pinceladas de cor pelos graffitis intervencionistas ou pela indumentária berrante de elementos diversos de tudo quanto são novas tribos urbanas.

As lojas da Diagonal, do Passeig da Grácia, da praça da Catalunha e os restaurantes da Rambla são grandes, ostensivos, ricos, prósperos. À noite, despem as suas montras e parecem flores murchas em comparação com as pequenas e estreitas, mas coloridas lojinhas do Bairro Gótico. Este é o paraíso da minha irmã e uma espécie de pesadelo atractivo para mim.
(continua ali)

Ana

1 comentário:

  1. Não há dúvida que Barcelona tem personalidade.

    Bom post!

    JAC

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