sexta-feira, abril 30, 2010
Romper os tabús e pôr tudo na mesa
Será que vale a pena?
Recapitulemos:
Quando na zona euro estavam plenamente em vigor as regras limitando os déficits a 3% e o governo Guterres deixara o Estado num estado calamitoso, a Europa apertou-nos o gasganete e obrigou o governo Durão a executar uma política depressionista que nos afundou ainda mais.
Quando pouco depois a França e a Alemanha furaram o tecto dos 3%, a Europa olhou para o lado, mudou as regras e deixou andar.
Quando a economia na Alemanha estagnava, o Banco Central europeu manteve os juros baixíssimos, incentivando o consumo e o desvario na periferia. Agora que a economia exportadora alemã parece revigorar-se (vejam-se o crescimento da Siemens ou da SAP), o Banco Central irá mais cedo ou mais tarde subir os juros para conter uma inflação que o reaquecimento da economia alemã trará no seu ventre.
Entre uma Europa do norte (Alemanha, Holanda, Bélgica), que beneficiará da recuperação do comércio global, e a Europa do sul, atascada no pântano orçamental, o Banco Central europeu seguirá a política monetária que beneficie o norte, ou seja, penalizará duramente os países como o nosso que já estão endividadíssimos, que se vão endividar ainda mais e que ainda por cima terão de aguentar essas futuras subidas de juros.
Os mecanismos europeus não estão pensados nem preparados para gerir ciclos económicos distintos no espaço da zona euro e enquanto assim for o Banco Central optará pelas políticas que importam à economia alemã, com total desprezo pelas consequências que essa escolha acarrete para os países em recessão.
Ora das duas uma: ou a Europa encontra soluções para aplicar ao mesmo tempo terapias diferenciadas em função das patologias de cada um, ou então a permanência de países como o nosso na zona euro poderá revelar-se um suicídio a prazo.
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Claro que tens razão!
ResponderEliminarOu as coisas mudam e o euro se mantém, ou então:
- nós podemos ser expulsos
ou
- serão os do "Norte" a sair, cansados de bancar a festa dos do "Sul"
Tempos difíceis mas muito interessantes.
Um abraço do
JAC