« A decisão é minha », foi com estas palavras que o presidente da Comissão assumiu a responsabilidade da distribuição dos pelouros na nova Comissão Europeia.
Obviamente que em Bruxelas e nas capitais europeias toda a gente sabe que o Durão Barroso não fez mais que tentar conciliar, a partir da sua paupérrima posição negocial, os apetites de uns e de outros. Mas se està disposto a assumir as escolhas feitas como coisa sua, não pode então escapar às eventuais crìticas sobre as decisões que afirma terem sido suas.
Do meu ponto de vista, hà desde logo duas observações graves:
a) A primeira decorre do facto de as pastas mais importantes terem sido atribuìdas a nacionais dos grandes Estados-Membros. Relações Externas, Mercado Interno, Concorrência, Indùstria e Energia caem no regaço de comissàrios oriundos respectivamente do Reino Unido, da França, da Espanha, da Itàlia e da Alemanha.
Se alguém ainda tivesse dùvidas sobre o tipo de União que se està a construir, dessa Europa directorial, carolìngia e bonapartista que o Tratado de Lisboa traz no ventre, tem aqui um sinal claro de que até na Comissão, orgão supostamente independente, os grandes reivindicam o seu estatuto.
b) A segunda observação é ainda mais preocupante: um dos dossiers mais decisivos e mais delicados para o futuro imediato e não tão imediato da Europa, o dossier da energia, é entregue a um nacional do Estado-Membro que mais se tem revelado agreste à concretização de uma verdadeira polìtica europeia da energia.
A Alemanha tem uma agenda pròpria e sò sua em matéria de energia e demonstrou ad abundatiam que não precisa nessa matéria da Europa para nada e que sabe desenvencilhar-se muito bem sòzinha com os russos e com o Sr. Putin.
È claro, que se o orçamento europeu a puder ajudar a financiar o seu north-stream, tanto melhor, mas é extraordinàrio que se entregue a chave do cofre ao ladrão com a mesma desfaçatez com que poderiam estar a falar de passarinhos.
O projecto do pipe-line Nabuco, o ùnico não dependente dos russos e que atravessaria a Turquia, bem pode apodrecer nas gavetas e nos imbròglios costumeiros e o Sr. Oettinger là estarà para garantir que isso aconteça.
E a decisão de tudo isto coube ao “nosso” Barroso. Ele o disse.
Lá vamos ... cantando e rindo ... levados, levados sim ...
ResponderEliminarfarripas
Seja bem regressado ao nosso convìvio, caro Farripas.
ResponderEliminarDe acordo com a conclusão, mas não com a premissa: o Tratado de Lisboa não tem nada a ver com a distribuição de pastas, e o Douro sabe isso muito bem.
ResponderEliminarA nova comissária para a justiça e os direitos fundamentais também foi escolhida a dedo: que eu saiba nem licenciada em direito é, o que lhe vai dar jeito quando lhe puserem a proposta de Roma III à frente do nariz...
Vexas são uns maledicentes! E então a agricultura? Não é uma das pastas mais importantes? E os Transportes? E a Sociedade de Informação? E a Tributação?
ResponderEliminarProfundamente enganado caro Douro! Para o Barroso não há pelouros mais importantes que outros. São todos do mesmo nível, desde que estejam abaixo do nível dele!