quarta-feira, outubro 28, 2009

Enquanto vendemos tapetes

Enquanto os responsáveis europeus se vão entreter amanhã e depois em Bruxelas a regatearem entre si os novos postos que o Tratado de Lisboa inventou para barafundar ainda mais a burocracia da União, ocorrem factos a leste que deviam merecer a melhor atenção.

A visita de Erdogan, o primeiro-ministro turco, ao seu vizinho iraniano Ahmadinejad na Terça 26 é um claro sinal de que a Turquia procura caminhos alternativos à sua comprometida adesão europeia, já que a Europa se tem comportado para com ela como um aldrabão que promete baldes de plástico em troca dos anéis de ouro.

Se a Europa falhar em arrimar a Turquia ao nosso espaço e aos nossos valores, será inevitável que aquele país e aquelas gentes se aliem ou aos persas ou aos russos. Sempre assim foi. E tal seria, na minha modesta opinião, um desastre para todos nós.

Sei bem que a adesão turca à União Europeia levanta dúvidas e reservas em muito boa gente, mas seria importante que essa questão fosse esclarecida de uma vez por todas e houvesse pelo menos a decência, já nem falo em coragem, de assumir resolutamente uma escolha, seja ela qual for. A Europa descredibiliza-se irremediavelmente neste teatro de sombras em que as negociações de adesão se transformaram por influência dos únicos interesses eleitoralistas franceses e alemães.

O nosso governo e o nosso ministro Amado acham que tudo isto não vale nada e estão prontos para o seguidismo do costume atrás do traseiro parisiense. Na verdade, no Palácio das Necessidades não há qualquer réstea de ideia sobre qual seja ou deva ser a nossa política externa nem quais são os nossos interesses estratégicos. São, ao mais alto nível, uns amadores a brincar com fósforos e escondem a sua ignorância com aquele tom enjoado e sofrido (ou será azia no fígado) com que preferem falar no eventual regresso da menina Alexandra.

Um nojo.

4 comentários:

  1. Sinto-me.

    Nem toda a gente no Palácio das Necessidades evita "qualquer réstia de ideia sobre qual seja ou deva ser a nossa política externa...". Também é verdade que nem todos somos decisores...

    De qualquer forma, estou aqui a comentar apenas para assinalar a "adesão" do douro à problemática com que, aqui e noutros fora, sempre enquadrei a questão da eventual adesão da Turquia.

    Enquadramento esse que, aliás, me leva a defender a futura adesão da Turquia. A prazo, é certo, mas no interesse da Europa. Aqui, como noutros fora.

    Ab

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  2. Caro Ventanias, quando me refiro à falta de ideias refiro-me "ao mais alto nìvel", ou seja, ao nìvel dos decisores, pois sei bem que no MNE hà gente valorosa e capaz.
    Abraço

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  3. Pela 2ªvez esta semana concordo em absoluto com o Douro. Assim não tem piada.
    A adesão da Turquia devia ser um imperativo europeu.

    José Mexia

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  4. Estás a gozar comigo, José? Bem me parecia.

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