terça-feira, outubro 27, 2009

Barões,notáveis e padrinhos


Marcelo Rebelo de Sousa diz que não vai ao ringue, pois ninguém ligou às suas ideias sobre como unir o partido. Acrescenta que se as bases fossem consultadas elas responderiam que queriam essa unidade de que Marcelo fala. Marcelo acha portanto que está com as bases e que foram os "barões" que torpedearam o seu método para unir o PSD.

E que método era esse? Reunir uns tantos barões (como ele é um tanto distraído ainda não se deu conta de que agora denominam-se "notáveis" e que pelo andar da carruagem ainda um dia se chamarão “padrinhos”) para discutirem as divergências e encontrarem uma plataforma de unidade e de distribuição de postos. No fim, supõe-se que haveria um fumo branco a sair por uma qualquer chaminé e que as bases de que Marcelo fala, mas que teriam ficado cá fora ao frio, lançariam urros de alegria e foguetes de contentamento ansiando aplaudir o herói que apareceria na varanda laranja: "habemus dux".

Tudo isto parece à primeira vista tão disparatado que merece uma segunda leitura: Marcelo está-se burrifando para o futuro do PSD pois já há muito tempo que na sua agenda riscou S. Bento e o substituiu por Belém. Com a escorregadela de Cavaco no caso escuteiro, Marcelo percebeu que a sua oportunidade podia estar próxima, com a vantagem de assim se antecipar ao regresso de Barroso. Aguentar ficar à cabeceira do adoentado partido durante uns pares de meses seria a missa necessária para lhe revigorar a imagem de unificador e lhe garantir um apoio e uma tesouraria suficientemente abrangentes e úteis para a próxima batalha eleitoral: a presidencial.

Entretanto, os tais barões saberiam que de entre eles nasceria o eleito para lhe suceder no partido na Segunda-feira seguinte ao voto, quer ele ganhasse ou perdesse.

Bem se vê que Portugal, no meio destes cálculos, é apenas um incómodo.

2 comentários:

  1. Assino por baixo.

    José Mexia

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  2. Às vezes concordamos, caro José Mexia; ainda bem.
    Abraço

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