quinta-feira, abril 23, 2009

A (falta de) energia da Europa

A Europa é um projecto fantástico e a sua construção foi acumulando muitos sucessos.
Talvez por isso, a Europa vem sendo motivo de tanta frustração e vem acumulando tanta decepção.

Um dos maiores fiascos europeus é a sua impotência e desnorte no que deveria ser uma das suas mais prementes prioridades: um mercado europeu de energia.

Por detrás do pomposo palavreado do costume, esconde-se o falhanço, a incompetência, o nepotismo e a total ausência de solidariedade, de real cooperação e de visão estratégica em matéria de produção, de aquisição e de distribuição de energia no espaço europeu.

Hoje é claro que em vez de uma política comum ou de uma comunidade da energia (de petróleo, de gaz ou nuclear), é o salve-se quem puder e, se for caso disso, à custa do vizinho. E não serão as eólicas ou os painéis que nos vão safar.

A Alemanha decidiu recentemente abandonar a sua cooperação com a Areva, companhia de energia nuclear francesa, para afinal privilegiar uma parceria com a Rosatom, uma sociedade russa de construção de centrais nucleares. A ambivalência alemã é sintomática do vácuo na liderança das instituições europeias no domínio da política de energia. Isto é bem mais grave do que parece e também nos diz respeito a nós portugueses.

Entretanto, a tenaz russa vai-se apertando.

Há algum candidato português ao Parlamento Europeu que tenha ideias sobre esta matéria?
Se sim, não se acanhem e falem claro, se faz favor.

6 comentários:

  1. viii. O desafio da eficiência e independência energética

    37. O MEP considera vital a atenção coordenada a nível europeu aos temas da
    crise energética e das alterações climáticas que:
    (i) tornam urgente a redução
    da dependência energética real da EU face ao exterior,
    (ii) criam a necessidade
    do recurso crescente a fontes de energia alternativas e (iii) exigem a promoção
    da eficiência energética. Assim, o MEP trabalhará para colocar na agenda
    europeia dois tópicos fundamentais:

    i. Garantir a segurança e a diversificação do abastecimento de energia, através
    de investimentos em infra-estruturas, estabelecimento de relações de interdependência
    entre países produtores, de trânsito e consumidores, e de um
    melhor aproveitamento dos recursos existentes na Europa.
    ii. Ser fiel às metas 20/20/20, aprovadas em Dezembro de 2008. Conseguir até
    2020 produzir 20% da energia através de fontes renováveis, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20% face aos valores de 1990, e aumentar a eficiência energética em 20%, por exemplo através de mecanismos
    que fomentem a redução do consumo energético associada aos equipamentos e aos edifícios.

    38. Com estas apostas, para além de garantir um futuro e um ambiente sustentável,
    a União Europeia está a apostar num sector que lhe proporcionará uma maior
    competitividade tecnológica face ao exterior, além do facto de este investimento
    se traduzir, numa altura crucial, em criação de emprego e desenvolvimento
    económico.
    (Programa MEP - Europa)

    isto responde à sua pergunta?

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  2. Muito obrigado pela sua resposta e pelo seu interesse. Só posso concordar com esse programa. Mas receio que o problema seja mais profundo e que a União só consiga resultados palpáveis se avançar claramente para uma comunitarização da política da energia. Ou seja, o que fez em tempos para assegurar a autonomia alimentar, criando uma política agrícola comum, teria agora de repetir, corrigindo os erros daquela e aproveitando a experiência adquirida, criando uma verdadeira política comum de abastecimento de energia. Os Estados-Membros não mais poderiam agir bilateralmente nessa matéria e a competência seria exclusiva da União. Sem isso, nada feito. E não bastam as boas intenções programáticas do 20/20/20 para lidar com esta situação. Ou a União age como tal ou então é melhor tirar as mãos da massa, mas floreados como até aqui é que não. Aliás o resultado está à vista e mais cedo do que se julga vamos ter uma nova crise. Ainda hoje os ucranianos decidiram exigir uma revisão dos acordos com os russos e estes aprovaram no inicio desta semana uma proposta que põe em causa a Carta Europeia da Energia e reclama a parte de leão. Estaqrá o MEP disposto a destacar-se das meias tintas e a reivindicar soluções radicais?
    Desculpe a longura.
    Os meus melhores cumprimentos

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  3. Como do Mep sou apenas 1 observador... nao sou nem serei militante, deixei por lá 1 pedido para ver se akguém competente responde à sua dúvida.
    saudações e agradecimentos pela resposta!
    E já agora Douro é um grande nome!

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  4. Sim, Douro é um grande nome. O meu é com minuscula e não chega sequer aos calcanhares da maiuscula.

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  5. Viva! Daqui fala o MEP :-) Chamo-me Rui Cerdeira Branco e faço parte da lista de candidatos do MEP ao Parlamento Europeu.
    Para tentar responder concretamente à pergunta de saber se estamos dispostos a reivindicar soluções radicais, eu diria que estamos dispostos a recuperar o radicalismos dos fundadores do projecto de união europeu. Não é de ânimo leve, nem para parecer bem que invocamos logo a abrir no nosso programa a inspiração dos fundadores da agora união europeia. Recordamos desde logo que a UE teve o seu embrião na necessidade colectiva de se acudir a um problema gravíssimo de escassez de recursos no pós-guerra. Foi para agilizar e coordenar o uso eficiente do carvão e do aço que nasceu a CECA. Ora cremos que hoje o desafio energético podia muito bem inspirar-se na solução do passado. Globalmente só teremos a ganhar com um esforço coordenado e conjunto. Cremos também que a península ibérica poderá e deverá ser um peça chave na diversificação estratégica do acesso a fontes e recursos.
    É sem dúvida este "radicalismo" que defendemos e que mais não será do que revitalizar o melhor que teve e tem o exemplo europeu.
    Convido-os o visitarem os sítio do MEP e a fazerem as críticas que bem entenderem (o progrma para a Europa está disponível em http://mep.pt/europa). O MEP está em permanente construção. Todos os contributos serão bem-vindos.
    Cumprimentos.

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  6. Obrigado Rui pela sua reacção. Visitei o seu blogue e ali lhe deixo as minhas saudações. Desejo-lhe todas as felicidades na contenda eleitoral.

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