quinta-feira, março 05, 2009

Falar claro e com verdade


Há semanas, o presidente da Câmara de Vila do Conde anunciava que andava por ali um investidor alemão interessado em pegar na Qimonda e que ele ia informar do facto o Ministro da Economia. Este diria, dias depois, que não havia nada em concreto.

É louvável a preocupação do Eng° Mário Almeida, mas depois do fiasco em Dezembro da montagem financeira entre o Land de Saxe e vários bancos para salvar a empresa, os trabalhadores da Qimonda dispensam concerteza o amadorismo entusiasmado dos que só espalham ilusões e semeiam frustração.

A indústria dos semi-condutores e circuitos integrados está num caos indescritível:
A Spansion, a maior produtora mundial de chips-memória para telemóveis e para automóveis, abriu falência no último fim-de-semana. A Micron pôs em Outubro 3000 empregados em lay-off e acaba de anunciar 2000 despedimentos. Entretanto, a Intel, a AMD e a Nvidia, que produzem chips para computadores, sofrem baixas dramáticas de vendas devido à diminuição da procura tanto de desktops como de lagtops ( menos 19% em Janeiro na H-Packard e menos 27%na Dell).

O mercado está saturado de chips-memória, os preços fundiram (só em 2008 baixaram 60%), os investimentos para novos produtos dispararam e o crédito está indisponível por falta de garantias. Perante uma tal conjuntura, também não ajuda nada que haja muitas dúvidas sobre a oportunidade comercial do DDR3, o mais recente produto-farol da Qimonda.

É evidente que, apesar da redução da procura, continuará a haver em 2009 um mercado importante para os circuitos integrados, mas todo o sector, que já estava em sobreprodução antes da crise, vai ter de passar por uma dolorosíssima reestruturação.

Oxalá a Qimonda de Vila do Conde reencontre um futuro.
Mas é preciso falar com verdade e ter os pés assentes na terra.

douro

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