Não há reunião onde se discuta a crise que não conclua sobre a necessidade de uma maior cooperação inter-governamental ou entre as instituições financeiras nacionais ou internacionais. Ainda recentemente, na reunião de Berlim de 21 de Fevereiro, os vários intervenientes insistiram nesse ponto. Aliás, o Barroso fez dessa referência uma das suas frases 'cliché' cada vez que tem de dizer algo sobre o assunto.
Fica menos claro é o sentido que querem dar a essa almejada cooperação. Será o de se telefonarem uns aos outros, antes de adoptarem medidas a nível nacional? Será o de se concertarem nas descidas das taxas de juro, nas diferentes zonas monetárias? Será o de acordarem nas datas em que nacionalizarão o grosso do sistema bancário? Será o de harmonizarem as reduções fiscais de molde a evitarem a concorrência fiscal ? Será o de elegerem concertadamente os sectores industriais a auxiliar com injecções financeiras?
No outro dia havia quem falasse em emitir títulos de dívida pública a nível europeu( veja-se Silva Peneda no "Jornal de Notícias" de 23 de Fevereiro), de molde a apoiar os Estados-membros que estão mais apertados. Bem como em avançar com dinheiro fresco para safar os bancos de leste que estão em risco de implodirem, arrastando com isso os bancos da velha europa que ali criaram essas subsidiárias. Mas atenção, estas 'altruísticas' medidas estariam condicionadas a uma subjugação total dessas economias aos ditames e regras dos beneméritos financiadores. Daniel Bessa falava a, esse propósito, de uma gestão controlada do nosso país por parte dos nossos credores ( Veja-se "Expresso" de 31 de Janeiro). Ora a pergunta oportuna parece ser a seguinte: estes negócios leoninos também cabem na tal almejada "cooperação"?
Por detrás das palavras , em tempos de crise, há conteúdos muito diferentes. Importa estar atento para que não nos ponham a beber cálices intragáveis, mesmo se acompanhados por sorrisos cândidos e vende-pátrias de que é tudo para nosso bem e em nome da "cooperação".
Cuidado com os contrabandistas!
douro
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