O assunto é tanto mais importante quanto no rescaldo da crise, daqui a uns largos meses, a criação de novos empregos vai assentar essencialmente em pessoas mais qualificadas.
Ao contrário do que alguns por aí sugerem, o mundo não vai andar para trás nem um ano, quanto mais algumas décadas. E a economia, também não. Por isso, não vai voltar a haver mais empregos na indústria, nem nos sectores primários (quase nenhuns) e secundários (muito poucos). O essencial da criação de emprego irá surgir, naturalmente, no sector terciário, que é como quem diz os serviços, e principalmente na investigação e criação de conhecimento. Não nos podemos enganar sobre isto.
Daí a importância que tem normalizar o funcionamento do sistema de ensino, da educação em sentido amplo. Por aqui, também, a importância da proposta que o CDS leva ao parlamento no próximo dia 23 de Janeiro.
Como ali também se lê, se é verdade que a reafirmação do estatuto do professor depende de um maior reconhecimento da sua autoridade na escola, também não deixa de ser verdade que isso depende em larga medida das competências e da dedicação dos professores; que não pode continuar a deixar de ser avaliada. Serão naturalmente os professores mais competentes quem terá maior consciência disso. Mas o governo também deve estar ciente que mais vale uma avaliação exequível do que não conseguir impor um sistema de avaliação "demasiado perfeito". Haja bom senso, e salve-se o que for possível para garantir a governabilidade do país e o progresso do sistema educativo - que é impossível sem um qualquer sistema de avaliação dos professores.
É possível um Portugal melhor. Basta querer.
A riqueza vai transferir-se nas próximas décadas do ocidente para o oriente. É um processo natural e irreversível de redistribuição que significa que os ocidentais vão ficar mais pobres. Acreditar que vamos continuar a viver a nossa prosperidade sem limites é piedoso, mas não é verdadeiro. Os nossos filhos vão ser mais pobres e viver pior do que nós. É o preço a pagar para que os filhos dos chineses e dos indianos vivam melhor. Mas se não lhes ensinarmos já que vêm aí grandes dificuldades, eles vão ser especialmente infelizes. Pelo menos, tanto como a geração que tem actulamente vinte e poucos anos e a quem meteram na cabeça que a educação lhes garantia o futuro. Agora são licenciados à procura de um empregozito qualquer que lhes assegure a sobrevivência, com um salário (nos casos mais felizes) dez vezes inferior àquele que eles se imaginaram a ganhar.
ResponderEliminarCaro Funes, o memorioso,
ResponderEliminarNão posso discordar mais. É verdade que uma parte do centro do poder se vai deslocar para o Oriente. No entanto, não está escrito em lado nenhum que isso significará que para alguns serem mais ricos, outros terão de ser mais pobres; pelo menos não em termos absolutos.
Essa é uma das grandes lições do "liberalismo", conceito que aqui uso com cautela, no sentido estrito em que significa que a economia, para funcionar bem, não pode ser planificada, tem de ser livre e depender da livre iniciativa. Essa lição é que podemos todos ganhar, aliás, ganhamos todos cada vez que alguém ganha e tenta ganhar mais. A economia não é um jogo de soma nula, bem pelo contrário - e felizmente. (Note que não estou aqui a questionar, nem muito menos discutir, a necessidade de regulação e de regulamentação; estou apenas a constatar um facto).
Quanto à outra questão que aborda, relativa ao sistema de ensino, não comento, mas sempre adianto que não foi essa a única razão; verdade é que mesmo a razão que aponta está intimamente ligada à qualidade do ensino, que é o tema central da entrevista de Alice Vieira.
Cumprimentos.