sexta-feira, dezembro 28, 2007

Benazir

Acerca da morte de Benazir Bhutto não é fácil de dizer o que quer que seja. Desde logo, não é possível saber bem quem a matou. Pode ter sido a Al-Qaeda, é o mais provável, mas não deixam de fazer parte do rol dos suspeitos os serviços de segurança paquistaneses, ou outros grupos de radicais e militantes extremistas apoiantes de Musharraf (a própria Benazir Butho temia que ele viesse a declarar o estado de emergência, ou a prendê-la como forma de evitar as eleições). Era extremamente corajosa e culta. Isso parece inegável. Mas, e de resto? Que valor tinham as suas promessas de terminar com o fundamentalismo e com o terrorismo no Paquistão quando é mais que sabido que durante o período de tempo em que foi primeiro ministro reconheceu o regime Taliban no Afeganistão, e foi objecto de várias acusações de corrupção e de suspeitas de ter mandado matar o seu próprio irmão? Mesmo a coragem que revelava não tinha qualquer coisa de fanático, até na forma como vinculava as suas posições e o curso da sua carreira política à memória do pai, Ali Bhutto, que chegou a declarar que o Paquistão preferia comer erva a prescindir do seu projecto nuclear? Que consequências poderá vir a ter o seu assassinato no meio do barril de pólvora que é o Paquistão e toda a zona onde se insere, sendo certo que já se pode ler em inúmeros blogs que para o mundo islâmico e para o tempo em que vivemos, ele pode ter o mesmo efeito que o assassinato do Arquiduque Fernando da Áustria em Sarajevo em 1914? Seja como for, não tenho dúvidas de que será sempre de lastimar o atentado em si, a perda da vida que traduz, o comprometimento da esperança de paz para aquela zona, e sobretudo o desgosto de três filhos.

5 comentários:

  1. Até quando vamos assistir a estas cenas em paises do Médio Oriente?
    Quais as razões destes actos? desta violencia que usa suicidas?
    E porque so acontece nos paises com raizes muçulmanas?

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  2. Anónimo11:24 p.m.

    "e porque so acontece nos paises com raizes muçulmanas?" ??????
    jfk? martin l king? litvinenko?
    e a eta? etc etc etc etc
    so para dar alguns casos em altura e em circunstancias diferentes...

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  3. De facto, também não acho que a violência e a intolerância sejam exclusivos de uma religião e de uma só cultura. Em tempos, alguém que sabia o que dizia, escrevia que o mal não está propriamente na religião islâmica, mas na forma como as suas escituras foram sendo lidas e aplicadas pelos líderes religiosos patriarcais à medida das suas necessidades e do seu fundamentalismo. Seria esse fundamentalismo e a sua defesa sem tréguas - a aceitação de outras formas de pensar e de outros valores permitiria a libertação das pessoas que poderiam começar a contestar - e o declínio económico da maior parte desses países que justificaria grande parte destas agressões e ataques que, como servem um fundamentalismo extremo, também são de uma violência extremada e rara. Mas se isso é exclusivo de países islâmicos ou apanágio da natureza humana não será fácil de descortinar...

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  4. Anónimo10:46 p.m.

    Só tenho pena que isto não tenha acontecido em Cuba ou na Venezuela!

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  5. Anónimo10:53 p.m.

    "Que consequências poderá vir a ter o seu assassinato no meio do barril de pólvora que é o Paquistão e toda a zona onde se insere..."

    Resposta: Nenhum tipo de consequência. Aquelas gentes estão habituadas a viver assim! Faz parte da cultura deles. Penso que o que poderia ter consequências graves para a Humanidade era existir um periodo longo de paz e concórdia por aqulas zonas... Isso sim, não seria normal, e significaria que algo de "anormal" estaria para acontecer.

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