quarta-feira, setembro 05, 2007

INSUCESSO ESCOLAR

"As crianças estão cada vez mais na escola, mas cada vez mais esse tempo é inútil. A escola acha que deve ensinar os petizes a ver televisão, a fazer amor, a comer maçãs ao pequeno almoço, mas hesita na hora de lhes ensinar o que mais ninguém faz por ela como matemática, francês, alemão, química." Subscrevo inteiramente esta opinião. Isto foi escrito hoje por Helena Matos no Público e qualquer pai que tenha filhos a estudar no ensino público (ou mesmo nalguns estabelecimentos privados) sabe que esta realidade é dolorosa mas verdadeira.
Grande parte do tempo que as crianças passam na escola não serve rigorosamente para nada. Admito até que a ideia de criar coisas como Área de Projecto, Educação Cívica ou Estudo Acompanhado tivesse objectivos muito louváveis. O facto é que na prática, seja lá porque motivo for - falta de professores qualificados, ausência de orientações pedagógicas ou até a existência de orientações pedagógicas malucas, eu sei lá - , as horas ali passadas não têm qualquer proveito.
O problema é que as crianças não são burras e também perfilham esta opinião. Daí que a inutilidade desta tralha pedagógica, para utilizar a expressão feliz e eloquente de Helena Matos, tenha efeitos devastadores e altamente perniciosos que contaminam também as disciplinas clássicas. A circunstância de as crianças não levarem a sério estas aberrações pedagógicas desvaloriza imenso a ideia que têm da escola no seu todo, amolece o brio e o rigor, fazendo com que se dilua perigosamente a importância e respeito que atribuem à escola. O abandono escolar é um desastre social, como sabemos, mas, ao contrário do que alguns iluminados teóricos julgam, as suas causas principais estão precisamente na falta de exigência, nas inovações disparatadas e na destruição do papel nuclear da escola.

1 comentário:

  1. É claro que, com o professorado que temos, o ensino neste país já não vai a lado nenhum. Muitos dos professores querem ser uma classe à parte, com privilégios de toda a ordem. Trabalhar cada vez menos e com menor responsabilidade; ganhar cada vez e com ainda mais regalias, são estas as palavras de ordem dos sindicatos. Ah. e faltar sempre que lhes apetecer!
    Depois querem emprego garantido para todos, quando o país está no estado que está. Mas o pior de tudo é ainda haver professores que não sabem escrever bom português e das disciplinas que leccionam só conhecem parte da matéria.

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