terça-feira, julho 10, 2007

Juntas e desgoverno

Obviamente, são particularmente infelizes as notícias de que pessoas morreram ao serviço, depois de terem sido dadas como aptas para o trabalho em condições que, aparentemente, justificariam uma decisão contrária das "juntas médicas" a que foram submetidas.

Infelizmente, a qualidade da nossa informação leva-nos a não poder acreditar imediatamente nessas notícias. Possivelmente não foram relatados todos os aspectos relevantes dessas notícias.

Naturalmente, apesar disso, fica imediatamente uma exigência: que essas juntas médicas sejam sindicadas e que se apure se tiveram responsabilidade naquelas mortes - isto é, se as decisões que tomaram tiveram influência ou, pior, contribuiram para aquelas mortes. Trata-se de responsabilidade grave, tanto mais que decorreria do exercício profissional da actividade de profissionais (passe o pleonasmo).

Compreende-se por isso que o Governo determine uma auditoria aprofundada ao funcionamento das ditas juntas médicas - e, já agora, de todas as outras.

O que não se compreende, nem se pode aceitar, é que o Governo decida imediatamente alterar a legislação, impondo novas composições a essas mesmas juntas médicas. Como acabo de ouvir anunciado pelo boca do próprio Primeiro-ministro. Parece que Sócrates perdeu o norte...

Já aqui fui muito criticado por defender o modo como este Governo tomava decisões. Pois o que estou a fazer agora é precisamente a criticar o modo como esta decisão está a ser tomada. Se se vai fazer uma auditoria, como parece mais do que justificado, que se espere pelos seus resultados para se alterar seja o que for. E, sobretudo, que não se altere seja o que for se isso apenas servir para "ilibar" eventuais responsáveis por más decisões. Estes devem ser encontrados, as suas responsabilidades apuradas e, sendo caso disso, devem ser punidos. Exemplarmente, se isso for justificado para prevenir outros possíveis abusos.

Não há boas decisões se os processos decisórios não forem bons. Mudar antes de saber porquê, não pode ser um bom processo decisório. Mesmo que pareça bem aos jornalistas. Assim não se governa, desgoverna-se.

1 comentário:

  1. Vejam o artigo surpreendente sobre o Norte em
    http://monarquico.blogspot.com/

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