segunda-feira, abril 02, 2007

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

30%! Este é o aumento percentual dos casos de violência doméstica que foram transmitidos ás autoridades!

É um número extraordinário! E porquê em 2006?

Não aconteceram no País calamidades conhecidas que possam explicar percentagem tão chocante, nem parece que grande número de famílias ensandeceram e desataram andar á briga diariamente.

Pelo que nos diz o Governo, o défice portou-se melhor que o esperado.
A economia cresce pelo segundo ano consecutivo, o que acontece pela primeira vez nos últimos dez anos. O desemprego estagnou, não cresce, e há mesmo indícios de recuperação em actividades mais exigentes do ponto de vista das habilitações.

Tudo isto é acompanhado por números, análises, comparações, explicações. E, dá sempre, para tirar conclusões positivas!

É sempre possível, a partir de índices numéricos, tirar conclusões positivas. Desde logo porque quem analisa tem dados que a maioria não tem. Ou tem mais tarde. E enquanto se é possuidor de dados que os outros não têm, pode-se sempre comparar com o que dá mais jeito.

Nos últimos tempos (possivelmente como reacção a esta atitude do governo) tem aparecido alguns defensores da economia do Estado Novo, dizendo que naquele período, a riqueza do país convergiu com a riqueza da Europa e que o PIB nalguns períodos, teria mesmo sido mais elevado que o PIB do conjunto dos países Europeus.

Não entrando agora por aí (debitando índices e comparações) ocorre perguntar. Mas se a economia, nesse período, era tão pujante, como é que o país era tão miserável?

Não digo pobre! Digo miserável, no sentido que as pessoas não tinham acesso à saúde, à Justiça, à Segurança Social, à Educação...

Ora as análises económicas não têm qualquer sentido, se não forem enquadradas por aquilo a que poderemos chamar " os sinais sociais"!

Veja-se que um governo Socialista, cego por querer salvar o essencial de um Estado corrupto e asfixiante dos cidadãos e da sua iniciativa (única fonte de riqueza), lança a miséria entre as famílias, enquanto nos vai debitando, alegremente, índices cada vez mais positivos!

O crescimento da Violência Doméstica é, a face, sem subtilezas, do desemprego, da incapacidade de manter um nível de vida que se julgava adquirido, das casas que se têm de vender para encontrar refúgio na periferia, dos colégios que não se podem pagar!

Quando os Sinais Sociais estão aí à vista, não há forma de esconder a realidade!

Por mais "truques" que se utilizem!

Também na Economia o Homem é a medida de todos as coisas!

Luis Moreira

8 comentários:

  1. O Homem é, mesmo, a medida de todas as coisas. Por isso é o Homem o centro da Economia. Como será o centro de todas as outras ciências humanas.

    Comparável com o crescimento do PIB nos últimos anos da década de 60 é a actual economia angolana. Que até duplica, e bem mais estrutural, a performance do redescoberto Mágico da Cadeia. Ora, não consta, até nova "sondagem" iluminada, que o avozinho Toni tivesse qualquer afinidade com o Dudu. A não ser, claro está, que o programa (?) Grandes Angolanos lhe tenha já reservado idêntico trono.

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  2. "O crescimento da Violência Doméstica é, a face, sem subtilezas, do desemprego, da incapacidade de manter um nível de vida que se julgava adquirido, das casas que se têm de vender para encontrar refúgio na periferia, dos colégios que não se podem pagar!"

    Caro Luís Moreira,
    Penso que o que está na origem deste número é o aumento de denúncias. Não signfica isto que não haja um aumento de casos, mas penso que existe uma maior consciencialização e uma apelo maior à denúncia. Se o número fosse revelador disto que acabo de dizer,estaríamos perante um facto positivo na medida em que o aumento de denuncias pode significar a dominuição dos casos de vilência.

    Por outro lado parece-me perigosa a deduação que faz. A violencia doméstica é um comportamento patológico. Mais do que miséria económica revela uma miséria humana e não escolhe classes sociais nem está directamente relacionada com o montante da conta bancária. Há contas bancárias confortávies que convivem com violência doméstica.

    É possível fazer análises sociológicas que nos façam perceber que condicionantes que fazem aumentar a violência doméstica. Mas, por um lado convém fugir a uma análise superficial que corre o risco de falsear a realidade. E por outro, há que partir de uma premissa fundamental a violência Doméstica é injustificável. Não há salário em atraso que a possa justificar.

    Por tudo isto o seu raciocínio parece-me apressado e perigoso.
    Julgo a dedução que faz é idêntica à de alguns analistas que procuram justificar o terrorismo com a miséria do 3º mundo. Mas há actos diante dos quais a nossa primeira atitude deve ser: isso não tem justificação! Depois temos perceber como surgem estes fenómenos tão contrários à razão.

    Obrigado pela sua atenção!

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  3. Reduzir a compreensão do fenómeno da violência doméstica à causa económica ou, ainda mais redutoramente, à política de um Governo, seja ele qual for, é no mínimo do que se possa dizer, muito pouco sério.

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  4. Acham que um aumento de 30% !! tem a ver com denúncias e nada a ver com os problemas resutantes de filhos homens que ficam em casa sem nada para fazer;chefes de família a viver sob pressão...

    Aliás, é dos livros que a partir de um certo nível de desemprego (10% ?) há o perigo de aparecerem disfunções sociais!

    Concordo, no entanto, que tão elevada percentagem de aumento, num só ano, possa ser o somatório de vários fenómenos.

    Mas 30% é um número preocupante e não é coincidência ser em 2006, ano de todos os apertos!

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  5. Tentem andar pelo país real e não ficariam admirados com os números da violência doméstica. O país está desoladoramente cheio de selvagens, de gente incivilizada, de pessoas sem os mínimos de educação. O abandono escolar é uma causa (que, por acaso, também é um efeito); o primado da televisão sobre os livros e sobre as conversas em família (salvo seja) ou entre amigos é outra; os solilóquios na net e os SMS (onde já nem falar é preciso) é outra; o recrudescimento do ensino das humanidades em favor de um futuro país de engenheiros é outra (mas quem é que precisa de filosofias e outras tretas?! Ninguém, está mesmo a ver-se); a pressão do imobiliário sobre os centros das cidades é outra; os gastos com o disparate do futebol em detrimento do desporto como veículo de formação de jovens é outra; e por aí adiante. A.F.S.

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  6. A violência doméstica é uma chaga social que tende a alastrar. O factor económico poderá não ser determinante, mas que contribui, isso é inquestionável.

    Há que criar mecanismos preventivos, dissuasores ,e usar os meios de comunicação social (os ditos "públicos", sobretudo) para uma sã pedagogia sobre este (e outros...) tema de candente actualidade.

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  7. Parece-me que o factor económico (o endividamento das famílias que se habituaram a níveis de vida que não podiam suportar e o desemprego) pesa de forma determinante no aumento deste fenómeno (casa onde não há pão...) mas acho que o Zé Maria Brito também tem razão quando fala do aumento das denúncias. A sensibilidade social e individual para o problema tem-se vindo a tornar cada vez maior e agressões que há poucos anos nunca passariam de "acidentes" domésticos, agora têm nome próprio, e são levadas ao conhecimento das autoridades. E isso muda muita coisa.

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  8. A Ciência Económica diz que a partir dos 10% de desemprego,podem aparecer disfunções sociais!

    Bem sei que há uma rede de Segurança Social que acomoda este fenómeno.

    Mas se estamos perante a primeira manifestação de que algo vai mal no reino da informação económica e social?

    Desculpem a teimosia, mas 30% de aumento num ano crítico como 2006,deve alertar-nos!

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