Com algum atraso, publico hoje um texto de um amigo meu:
“Nem Camilo ou Eça poderiam imaginar que levariam mais de cem anos a um bacharel de Coimbra, chegar finalmente ao poder.
Tudo levava a crer que algum representante dessa ilustrada (que não é o mesmo que ilustre) classe profissional, tão representativa do Portugal de oitocentos, tivesse desde há muito chegado ao cume do poder executivo.
Mas teve a Nação de esperar ansiosamente mais de um século, para por fim poder ver premiada a dita classe profissional.
No presente caso; profissional é apenas uma força de expressão, porque ao bacharel em apreço nunca se lhe conheceu qualquer actividade laboral, para além da tarimba partidária, que após o tirocínio da praxe pelas secções e federações, o levou a ocupar um lugar de deputado, e quando o seu mentor no seio do partido chegou ao poder, ascendeu a secretário de estado, e finalmente no que parecia ser o cume da sua carreira política, foi ministro. Como prova da sua competência para ocupar o cargo, afrontou poderes instalados, e criou polémicas, escapando assim o seu capital político intacto à co-incineração do chefe e do partido, após a derrota eleitoral que o levou de volta ao lugar de deputado.
Presumivelmente, enquanto circulava pelos corredores do poder, chegou à conclusão que com a sua notória capacidade de chefia, argúcia política, e mestria em lidar com temas polémicos e difíceis; o seu curso de bacharel, apesar de obtido em Coimbra depois de árduo estudo, era limitador das legítimas expectativas que tinha criado no partido, e talvez mesmo no país, tão necessitado de homens firmes e decididos, que o dirigissem.
Assim sendo, é natural que tenha concluído que devia licenciar-se, até porque desde há muito era conhecido como “sr.engenheiro”.
Tomada tão providencial decisão, naturalmente escolheu uma universidade de referência, conhecida pelo rigor, exigência e competência do seu corpo docente, e programa curricular. Gerida de forma exemplar, e apesar dos gestores serem familiares uns dos outros, eram abnegados ao ponto de até trabalharem aos domingos.
Além de mais a dita universidade era propriedade de gente muito credível, autênticos diamantes (como tal, avaliados pela própria universidade) da gestão universitária em Portugal.
Para reforçar ainda mais o prestígio da universidade, estava a estreita ligação dos seus gestores, a pessoas da classe dirigente angolana, que como é internacionalmente reconhecido, é uma classe dirigente com grande respeito pelos valores democráticos, e acima de tudo com ética e enorme honestidade.
Perante tudo isto como é possível pôr em causa a licenciatura de alguém, que já deu provas mais que suficientes da sua determinação na condução dos destinos do país.
Como é possível???”
Manuel Mexia
Quando vejo que Marques Mendes, o prof Carvalho Rodrigues, o Sanches Osório, o Tomás Taveira, o Filipe La Féria, o Nuno Rocha, o Joaquim Vieira e tantos outros a acharam credível ao ponto de andarem por lá a dar aulas, já nada me admira.
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