Não seria justo não referir aqui o artigo de Vasco Pulido Valente sobre Portugal e a Europa. Evidentemente, não acrescenta nada ao que a Europa significa. E ninguém terá dúvidas de que o significado da Europa não se esgota no entendimento que Portugal possa ter dela. A Europa é anterior a esse entendimento e há-de ser posterior a esse entendimento - basta ver o post da Paula Faria para o compreender.
Onde o artigo é grande é na denúncia da relação da classe política portuguesa com o que a Europa poderia ter significado para Portugal. A começar pela crítica à incompreensão de Cavaco Silva, enquanto primeiro-Ministro, quanto ao significado da Europa. E a acabar na falta de visão de toda uma classe política, que nos tem governado nestes trinta anos de democracia e em que eu incluo igualmente Mário Soares, quanto ao que Portugal poderia ter beneficiado para se reencontrar e reconciliar com um futuro que é necessário, urgente, e que poderia ter sido o de todos nós se alguém se tivesse lembrado de pensar nisso com profundidade.
Portugal cumpriu o objectivo essencial da adesão à Europa. Reenquadrou-se internacionalmente. Mas ficou por aí. É pouco, muito pouco. Mas o problema não é da Europa, é de Portugal. Com elites destas, Portugal também não merece mais - e isto também vale como crítica ao que pude ler na imprensa sobre a convenção europeia do CDS; a Europa não pode nem deve ser uma arma da estratégia política dos partidos. Ela é, para Portugal, uma inevitabilidade sem alternativa. O desafio é saber o que fazer com ela, para lá do que ela vá representando ao longo do processo da sua construcção, que há-de ser necessáriamente conturbado.
O que a história não perdoará é a apatia com que temos tratado a dimensão deste desafio... E a responsabilidade será nossa e de mais ninguém.
Ora diz muito bem! Mas há ali uma coisa que não se pode aceitar: a "inevitabilidade sem alternativa". Oh meça! Isso dizia o Soares, ainda na fase das negociações ( que belo "negociador"!). Uma coisa dessas, Ventanias, não se afirma, nunca. Nenhum país que se valha, nenhuma nação que se mereça, fala essa linguagem. Ou então que feche a loja e entregue as chaves a Madrid ou a Berlim.
ResponderEliminarHomessa, meu Deus.
ResponderEliminarIrra!
A Nação não merece que se vilipendie a sua linguagem...
Tiro certeiro do rafón! Ai, que custa levar nos dedos.
ResponderEliminarTem razão, meu caro Douro. Eu creio que é de facto uma inevitabilidade sem alternativa, mas porque acredito que as outras alternativas não são comparáveis. Mas lá que existem, existem... Até houve, em tempos, quem à esquerda defendesse que Portugal deveria ser um não alinhado, que funcionasse como a voz dos não alinhados junto do Ocidente. Podia também pensar-se em regressar ao orgulhosamente sós, ou a passarmos a ser mais um Estado do Brasil ou ainda uma, ou duas, províncias de Espanha. Mas enfim, sejamos realistas: não é isso que o Povo quer. E eu também não.
ResponderEliminarCreio que Portugal tem o seu lugar na Europa, mesmo se esta ainda não é o que gostaríamos. Creio também que Portugal ainda não encontrou o seu lugar. Mas isso é um problema nosso, não é da Europa.
Muito bem Ventanias!
ResponderEliminarHá gente que em vez de juntar forças para se encontrarem caminhos, julga que são muito originais, e acabam a fazer a apologia nem eles sabem de quê!
Isto é curioso porque ainda ontem ouvi o Jerónimo dizer o mesmo sobre a Europa!
Alternativas? Os comunistas , ao menos têm uma!Desmembrar a Europa para a tornar mais fraca e "manhãs que cantam
serem um sonho realizável"!
Mas estes nossos companheiros ( já agora estou a falar com Democrata-Cristaõs e no Nortadas, não estou?) não conseguem alinhavar a mais pequena ideia sobre o futuro de Portugal alternativa á UE!
Uma coisa é o caminho estratégico que singramos na UE! Outra, bem diferente, são os caminhos possíveis e os objectivos que queremos atingir!
Querem o orgulhosamente sós, ou Portugal
em África e no Brasil!
Originais e pragmáticos!