A Janela do meu quarto

Apareceram de um dia para o outro.Eram três e estavam na casa dos trinta
anos.Altos, alourados, lavados. Havia ali auto-estima e gozo pela vida.

Um dia após outro ali estavam eles logo de manhã.Eram frequentadores de
uma loja de apoio social que existe aqui perto.Mas, como, tão novos?
Desemprego.Imigrantes. Ucranianos.

Da janela do meu quarto ( sem a beleza da canção que começa com esta
frase) vi aqueles jovens passarem de homens dignos á mais miserável das
situações!

Primeiro o álcool, depois a droga, o abandono completo da auto-estima.

Uma família de Ucranianos ( também ela ) bem integrados, com duas lindas
crianças louras, a falarem português e a brincarem no jardim, explicaram
que quando os seus conterrâneos caem no desemprego, as ajudas não passam
da "sopa dos pobres". Nem sequer os reenviam para a terra distante para
onde gostariam de voltar.

Revoltei-me com a situação. Lembrei-me dos políticos de Esquerda que
falam de um país aberto para todos sem restrições.De um País generoso,
que acolhe os deserdados da vida como, enfatizam, os emigrantes
Portugueses foram , tambem eles, recebidos por esse mundo...

Não me foi difícil vê-los entre um Wisky e um charuto, consciência leve,
perorar sobre a sua generosa clarividência...

Mas, então, é generosidade pregar falsas promessas? Uma generosidade que
leva tanta gente ao engano, trazendo-os para um "el dourado" que não
existe? Abandonando as pessoas à sua sorte?

Não seria muito mais generoso, acolher os imigrantes segundo as
necessidades da economia, de acordo com as suas competências
profissionais, criando estruturas de apoio, enfim, preocupando-se com as
pessoas?

Que a imigração é necessária, sob muitos pontos de vista, desde a
necessidade de mão de obra até ao rejuvenescimento da população, estamos
de acordo .Julgo mesmo, que nós somos um povo amável e que estimamos
estas pessoas que vêm á procura de uma vida melhor.Mas, temos nós, o
direito de as enganar ?

Há outra palavra que se adapte a esta situação que não enganar?

Como é que estes senhores lhes chamam generosidade ?

Mais um mito dos "solidários" que é preciso desmontar!

LUIS MOREIRA