Respondendo ao desafio que o Carlos me tem feito, já por diversas vezes, aqui fica o meu ponto de vista sobre um dos temas quentes do nosso Burgo.
O meu querido amigo Carlos Furtado, exprimiu ontem a sua visão sobre os Okupistas do Rivoli.
Contrariamente à opinião do meu cunhado, eu partilho da visão do Carlos. Em meu entender, quando temos uma população com tantas necessidades básicas por preencher, desde saneamento, água canalizada, alimentação, saúde, veja-se a quantidade de Sem Abrigo que proliferam pela cidade, estamos a desbaratar recursos públicos que advêm dos impostos de todos nós, e com os quais deveria haver mais parcimónia e selecção no seu esbanjamento.
Por outro lado, é do conhecimento geral a quantidade de subsídios entregues a comunidades de intelectuais de esquerda, que promovem "Arte" apenas para seu consumo interno, sem qualquer possibilidade de ser a mesma alvo de visionamento por parte do comum dos mortais, dada a subjectividade dos temas bem como da sua própria qualidade. Confesso que em nada me atrai, o facto de os impostos que pago, serem para financiar os ditos "Banhos de Cultura".
Não entendo o facto do levantamento actual existente contra a contratualização com uma entidade externa à Camara do Porto, para gerir os destinos do Rivoli. Provavelmente por estar profissionalmente inserido no maior Grupo Financeiro Português, convivendo diariamente com situações similares, em que a relação Cost-to-Income está sempre em cima da mesa.
O destino a dar ao Edificio, será o mesmo, a promoção das Artes. Não se fala em mudar de "Ramo de Actividade", aí sim poderíamos e deveríamos estar preocupados. Não, o que está em causa é em que condições deverá ser atribuida a concessão a uma entidade externa. Que tipo de espectáculos deverão ter lugar, com que periodicidade, programação, eventualmente até limites aos preços a praticar na bilhética (sendo que neste caso poder-se-ia estar à partida a limitar a qualidade dos espectáculos, interagindo com o Mercado das Artes - Situação que não me atrai), definir janelas de ocupação para promover Artes de Grupo Cénicos menos conceituados, etc,etc. Quanto a mim, a questão não é se devemos ou não Promover a concessão, situação que claramente defendo, mas sim defender intransigentemente condições na mesma, que sendo vantajosas para o concessionário, defendam em simultaneo os interesses da cidade e da sua População. Para controlo das condições contratuais, teriamos eventualmente um ou dois elementos da Ex-Culturporto, conhecedores da área.
A concessão levanta um Fantasma para muitos, a meu ver desnecessário. Deixemos o Mercado funcionar, e permitir a quem percebe do assunto, trazer espectáculos de qualidade pelos quais o Público Portuense é sedento.
Lembro-me do meu querido cunhado, às vezes comentar que gostaria de trazer a banda XPTO ao Rivoli, mas que não o podia fazer por falta de verba. Está mal... Se a Banda tem qualidade, o espectáculo tem que por si só ter pernas para andar. Seja com a receita da bilheteira, seja com patrocinios, etc. Cabe a quem organiza, ter o engenho e arte, para permitir que as Populações tenham acesso aos eventos, mas que em simultâneo sejam os mesmos economicamente viáveis.
Por outro lado, e como referiu o Carlos nas contas que apresentou, seja ou não 5,4%, o valor da receita própria gerada pelo Rivoli (dado que o Zé veio referir que os números não estão correctos), acredito que a ordem de grandeza dos mesmos não ande longe desta realidade. Confesso que também não ouvi ninguém da Culturporto desmentir os mesmos. A propósito de Culturporto, essa entidade que à semelhança de muitas outras, vai servindo para resolver os problemas pessoais de amigos e familiares de quem vai gerindo os destinos da Cidade, e de favores que têm que ser pagos...
Penso sinceramente que mais vale ter Cultura de qualidade paga por quem a quer ver, e mercado há muito, do que Cultura sem Qualidade, paga por todos nós. Lá voltamos ao conceito do UTILIZADOR PAGADOR. Não podemos ser menos exigentes nos espectáculos a contratar, apenas porque o Orçamento da Culturporto não o permite.
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