sexta-feira, setembro 22, 2006

Educação e chavões

Assisti, entre o curioso e o inquieto, a grande parte do recente "Prós e Contras" sobre educação.
Mais uma vez gostei do desassombro da Sr.ª Ministra. Sobretudo porque quer que o seu Ministério faça menos coisas e igualmente porque quer responsabilizar as demais entidades por muitas dessas coisas que está a devolver quer aos pais, quer aos professores, quer às autarquias.
Confirmei o meu desgosto com o representante da Plataforma sindical que vai "obviamente" combater as reformas que o Governo pretende fazer no estatuto da carreira dos senhores professores, porque estes "vão perder milhares de euros". E daqui decorrem os dois chavões que queria discutir.
Primeiro, os professores não vão perder milhares de euros, vão deixar de os ganhar. A diferença não é de somenos. O insigne sindicalista pretendia afirmar que as alterações propostas irão fazer com que nem todos os professores cheguem ao topo da actual carreira. Ora, de acordo com o actual sistema, ao que parece, isso era inevitável. Ou seja, todos os professores chegavam ao topo da carreira. E, lá chegados, naturalmente ganhavam mais do que os seus congéneres europeus... Nada mais natural, uma vez que os resultados que produzem são dos piores de toda a OCDE!!!! Nada mais justo, uma vez que têm conseguido garantir que o país tenha dos piores resultados de toda a OCDE em termos de abandono escolar!!!! Nada mais evidente, uma vez que o facto do país despender acima da média no sistema de ensino, os resultados pouco terem melhorado em relação aos tempos da ditadura!!!! Para quem duvide, recomenda-se a leitura da notícia do DN, em
Em qualquer outra área da nossa existência social os professores não só deviam perder o que vão deixar de ganhar, como nunca deveriam ter ganho sequer a perspectiva de o ganhar! (Aliás, de qualquer forma, isso vai-lhes acontecer pura e simplesmente porque vão deixar de ter alunos - o que é compreensível; qual é o pai que sentindo que os seus filhos não tem hipóteses de se integrar com sucesso no sistema, decide ter mais filhos como resposta?)
Isso conduz-me ao segundo chavão que queria discutir. Em Portugal há o hábito de dizer que os professores são bons, embora haja algumas excepções, o sistema é que é mau. Peço licença para discordar.
Que o sistema é mau, já sabemos, não vou reabrir a discussão. A questão é que os professores são uma merda, em bom português - e isto, ainda que até possa haver algumas excepções. Se não fossem, há muito que se teriam revoltado contra diversas perversões do sistema, que efectivamente lhes diminuem a autoridade e a capacidade de se concentrarem na função educativa; se não fossem, há muito que teriam feito saber ao sistema que não suportavam arcar com a responsabilidade histórica de terem pactuado com a perda do comboio da qualidade do ensino, a troco de meia dúzia de patacos que -sendo embora dos mais altos da Europa (em termos relativos)-, não chegam para deixar fortuna digna desse nome...
Digam o que quiserem, só há uma maneira de avaliar os professores: pelos resultados. E isso só se consegue com exames nacionais que permitam aferir os conhecimentos adquiridos pelos respectivos alunos. O resto é conversa para encher assembleias sindicais, egoísticamente centradas na espoliação dos parcos recursos nacionais a favor de uns privilegiados que nem sequer se esforçam por cumprir a função que lhes justifica a existência: preparar o futuro da Nação. Penso mesmo que os professores deveriam ser despedidos quando não conseguissem assegurar uma média de passagens de 50%; e que não deveriam receber aumentos a não ser que superassem essa média (que devia ser uma obrigação) em pelo menos 10%; e que os aumentos deveriam ser proporcionais à superação dessa média.
Enquanto assim não for, enquanto os representantes sindicais desses professores persistirem nessa atitude de defesa do indefensável, há que ter a coragem de dizer que os professores, enquanto classe, são uma merda.
Como a Sr.ª Ministra teve a coragem de fazer, ao afirmar apenas, em resposta ao dito porta-voz da plataforma, que "certamente também haverá alguns bons professores".
Os sublinhados são meus.
O APLAUSO TAMBÉM.

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