terça-feira, julho 25, 2006

ESTADO DA SOPA (II)

A questão levantada por Rui Rio sobre o concessionar o Rivoli a uma entidade privada, veio “mexer” com o Porto.

E vou ser sincero, estou a viver há 4 anos em Lisboa, pelo que não são muitas as vezes que frequento no Porto instituições artísticas. Por isso, não sei se o Rivoli é bem gerido; se tem um bom e atractivo programa cultural; se os seus espectáculos são para os chamados intelectuais ou para um público mais “open mind”; enfim, não tenho conhecimento de causa para ter uma opinião formada.

Deste modo, não critico nem elogio a posição do presidente da Câmara do Porto, porque não sei se é a mais acertada, se vai melhorar ou piorar a situação actual do Rivoli.

No entanto, observo uma coisa: a posição dos portuenses, que mais uma vez não se ficam e vêm publicamente dizer o que pensam; silêncio dos partidos que sustentam o Executivo da Câmara; a crítica pela crítica da oposição, sem nada de construtivo ou mesmo de reflexão própria.

Isto demonstra, claramente, a política de não proximidade entre as estruturas partidárias locais e os cidadãos; a abstracção e a necessária distância entre as Concelhias e Distritais e as suas Câmaras de “jurisdição”; a falta que fazem diferentes intervenientes entre órgãos partidários locais e autarquias.

Falou-se tanto nas últimas semanas sobre a limitação dos mandatos no CDS – que sou contra! – mas podia-se era discutir o facto de membros de estruturas Concelhias e Distritais não poderem acumular cargos nos Executivos das Câmaras. Desta forma, quem está nas estruturas locais teria a “liberdade de opinião” e isenção necessária para realmente poder praticar uma política de proximidade local entre os partidos e os cidadãos. E a liberdade de opinião não é obrigatoriamente vir dizer que não se concorda. É poder dizer que se concorda e as pessoas acreditarem porque existe “distância” entre as diferentes instituições políticas. De outra forma, é a chamada “chuva no molhado”.

Gostava que em vez de se andar a perder tempo a discutir a limitação de mandatos, se o método de eleição é a directa ou é em congresso, o CDS estivesse um passo à frente de todos os outros partidos e discutisse esta questão. Parece uma questão menor, mas era um grande princípio para a moralização da política local, para o verdadeiro incremento de uma política de proximidade entre os órgãos locais dos partidos e as pessoas, uma distancia necessária de interesses entre quem tem uma opinião e quem tem o poder.

Enquanto isso não acontece, continua a faltar a massa crítica indispensável à optimização das políticas locais entre os “Fantasmas e os vizinhos” deste país.

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