Outro aspecto evidentemente correlacionado com os anteriores é o das decisões sobre o TGV. Mais uma vez não está em causa a legitimidade do Governo para decidir. Apenas se justifica uma maior legitimação dessa decisão junto dos cidadãos, nomeadamente através do maior aprofundamento e da melhor divulgação das vantagens e custos da decisão, em particular por comparação com as alternativas – não há pior inimigo da democracia, e da liberdade, do que a afirmação pelo poder de que não há alternativa; há sempre alternativas, podem é ser mais caras, menos vantajosas, mais prejudiciais, mais lentas ou até mesmo melhores por diferentes razões!
Considerando o desconhecimento quase absoluto das alternativas, e dos seus custos e vantagens, parece seguro que a única certeza que pode ter, hoje em dia, qualquer cidadão que acompanhe esta matéria com um mínimo de esforço de isenção, é a de que a ligação das duas capitais ibéricas por TGV não vai no sentido da diminuição da perificidade nacional. Muito pelo contrário, só poderá acentuá-la.
Desde logo, porque colocará uma capital nacional, a nossa, no mesmo plano de capitais regionais, as deles, de facto transformando Madrid no centro das várias periferias ibéricas – se parece excessivo, atente-se no seguinte exemplo: um dirigente de uma empresa de Sevilha necessita de reunir urgentemente com um dirigente de uma empresa de Lisboa; se quiserem encontrar-se por TGV, naturalmente que se encontrarão em Madrid; é claro que também poderão ir de carro até Badajoz, ou até deslocar-se um deles por avião até junto do outro (desde que haja ligações directas, o que se não acontece hoje certamente que não acontecerá para a Ota), mas para isso não é preciso construir a linha do TGV entre Lisboa e Madrid!!! Se isto é combater a perificidade nacional, então prefiro que se aumente a nossa perificidade ibérica… pelas mesmas razões, quase inteiramente, que poderia aceitar que o País necessita de um aeroporto plataforma moderno no seu território.
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