Perante um cenário desses, em que se conclui pela necessidade de construção de um novo aeroporto em Portugal, cumpre avaliar a melhor localização desse novo aeroporto – ou seja, se deve ou tem de ficar situado na região de Lisboa ou noutra qualquer região do País capaz de responder ao desafio em apreço; e depois verificar os custos e vantagens de cada alternativa. Desde logo, cumpre avaliar seriamente os custos e as capacidades de uma expansão do aeroporto Sá Carneiro, para este efeito; mas também de Faro ou de qualquer outra eventual alternativa.
Está na altura de alguém se lembrar que o País não é só Lisboa, sobretudo quando as necessidades para as quais se procura resposta não são apenas da Capital – tanto mais que, de acordo com os planos do Governo, a capital também ficará ligada a Sá Carneiro por TGV e avião, não é só a inversa que é verdadeira!!!!! A Alemanha tem o seu principal aeroporto plataforma, e um dos mais ocupados da Europa, em Frankfurt, a mais de 530 km da capital – imagine-se! (Frankfurt que, por sua vez, dispõe do aeroporto de baixo custo, em processo de rápido desenvolvimento, a mais de 100km, em Hahn!!)
Numa decisão desta dimensão, convinha que as necessidades do País fossem avaliadas e debatidas enquanto tais e não apenas como uma consequência dos eventuais problemas urbanísticos da capital – ainda que estes devam merecer adequada consideração, em sede própria. O maior risco que se corre, se mantivermos a actual forma de pensamento e os actuais parâmetros de preparação de decisões, é o de se continuar permanentemente a contribuir para uma exacerbação da macrocefalia de Lisboa que em nada tem beneficiado nem o País nem a qualidade de vida dos lisboetas.
Creio ser chegado o tempo de inverter esta tendência, tanto mais que a escassez de recursos do País tem levado a Nação a aceitar, ou pelo menos compreender e acatar, a necessidade de fazer sacrifícios, alguns actuais outros futuros. Não se vê como se pode esperar que alguém aceite fazer (sofrer) esses sacrifícios e depois pactue serenamente com o desbaratar dos recursos noutros projectos mal legitimados. Mais tarde ou mais cedo, alguém reclamará – e alguém pagará a factura.
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