terça-feira, maio 02, 2006

Futuro e congressos II

Há hoje conhecimentos suficientes para podermos antecipar com grande certeza algumas das marcas dominantes do mundo que aí vem. Relevaremos apenas as que cremos mais determinantes para Portugal.

A actual crise dos sistemas de segurança social mais não é do que um sinal das transformações sociais que as próximas décadas nos reservam. A segurança a que nos foram habituando será necessariamente substituída por outras fórmulas que permitam conciliar a maior longevidade das populações com a diminuição da natalidade e a capacidade contributiva dos indivíduos. O que, se não mudarmos nada, significará maiores períodos de desconto e menores regalias.

A interiorização da pertença ao espaço comum europeu continuará a aumentar as expectativas dos cidadãos em relação à qualidade de vida que esperam alcançar, diminuindo a sua resistência a procurar soluções fora do espaço social e do território do seu nascimento.

As alterações climáticas em curso aumentarão as dificuldades de subsistência dos modos tradicionais de exploração e aproveitamento do território.

As transformações tecnológicas em progresso e a sua consequente divulgação massificada mutarão definitivamente os padrões habituais de existência e relacionamento intra e inter societal, do mesmo passo que exigirão do sistema educacional um esforço acrescido de adaptação a uma nova realidade.

A globalização económica, que tantas vantagens traz ao conjunto da humanidade, será acompanhada por um movimento de localização de soluções gerador de riqueza e de oportunidades, no âmbito do qual os cidadãos exercerão a generalidade dos seus direitos e responderão pelas suas responsabilidades. Isto implica a substituição do paradigma de que a produção de coisas é que é bom para a economia, por um outro em que se interioriza e explora a noção de que o que é bom para a economia é satisfazer necessidades a troco das quais os consumidores não se importam de dispensar recursos - i.e., serviços e diferenciação de bens e serviços. O que, por sua vez, implica que a inovação e a criatividade serão os grandes factores de criação de emprego. O que depende de um sistema educativo virado para a nova realidade.

Mais haveria para sublinhar. O que fica afirmado chega para as conclusões que se pretendem relevar. No futuro as palavras de ordem serão a flexibilidade e a criatividade. A todos os níveis, não apenas no sistema económico ou produtivo.

O que, para nós portugueses, deveria constituir uma fonte de oportunidades inigualável. Basta para tanto, que saibamos adaptar-nos e às nossas instituições. (continua)

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