Maria de Fátima Bonifácio discorre no Público (artigo publicado ontem não disponível online) sobre "O fim da hegemonia antifascista". Refere:
"(...)Um "antifascista" que não desejasse ardentemente liquidar o capitalismo e, por extensão e inerência, destruir a burguesia e a civilização burguesa não era um "antifascista" verdadeiro - nem um autêntico "democrata". A deliberada identificação entre estes dois últimos termos constituiu mais um abuso ou atropelo semântico destinado a discriminar entre os verdadeiros e os falsos democratas. Por outras palavras, também a condição de democrata ficava amarrada à condição de "antifascista"(...)" ..."(...)Este monopólio terminou na passada noite de 22 Janeiro, quebrado que foi pela chegada à Presidência de um democrata genuíno social-democrata que não foi um "antifascista". Os partidos do centro-direita e direita, que por isso mesmo o apoiaram, estão relegitimados e são finalmente parceiros de pleno direito do regime democrático. Tudo indica que a democracia portuguesa está finalmente normalizada. O dia 22 de Janeiro fica desde já como uma data histórica (...)" .
Visão curiosa e pertinente com a qual não podemos deixar de estar mais de acordo. A propósito, cito o que aqui se escreveu numa perspectiva muito próxima : "(...)Cavaco rompe, total e definitivamente, com o 25 de Abril...de facto e simbolicamente(...) Se Soares foi o primeiro presidente civil da III República, Sampaio foi um escorreito continuador. Porém, Cavaco é o primeiro presidente sem Abril. Nele não se invoca o curriculum vitae do passado e da resistência antifascista, da luta revolucionária (...). O sufrágio enjeitará Soares e Alegre porque o fantasma antifascista que os nutriu, finou.(...)É toda esta força, é tudo isto que - para o bem e para o mal - o fará ganhar, sem Abril, sem cravos, sem revoluções(...)"
É, realmente, um período da nossa História contemporânea que se fechou. Resta saber o que nos estará reservado...?
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