quarta-feira, agosto 24, 2005

O regresso da economia

De acordo com notícia do Diário Económico o Primeiro Ministro quer virar o discurso político do Governo para a matéria do crescimento económico. De acordo com fontes do gabinete ministerial estão a ser preparas novidades numa lógica de compensação em relação às medidas restritivas que vão aparecer no Orçamento de Estado para 2006. Basta este discurso para que não se espere nada de muito positivo. Quem acha que se tem de compensar a um Orçamento de Estado de rigor está a dar um conjunto de maus sinais para a economia. Para começar o rigor não é levado a sério, pois o poder político não demonstra firmeza na sua opção voltando mais uma vez às bem conhecidas facilidades socialistas. Em segundo lugar, este género de opção leva a que todos se relembrem da insólita modificação na pasta das finanças deste Governo e de todas as suas consequências. Por fim, este discurso – que parece ser compensador de um Orçamento restritivo – demonstra que o PS continua enganado em relação ao papel do Estado e do Governo na economia. Bem mais interessante que um novo plano de investimento ou outras fantasias será um orçamento que assuma uma actuação firme em relação às despesas do Estado e que dê um conjunto de sinais – por exemplo a nível das medidas fiscais – que sejam incentivadoras da iniciativa privada e empresarial. Infelizmente as minhas expectativas são bem outras. Acho que naturalmente as opções sobre a despesa vão ser curtas e que as opções fiscais não vão incentivar quem necessita de incentivo. Espero estar enganado, mas não vejo neste Governo grande arte para inverter o ciclo económico, que estagna e pode entrar em recessão; para modificar a situação de pessimismo que com o aumento do IVA está num mínimo de quase dois anos; para melhorar a nossa balança comercial, apoiando a sério o sector exportador; para reformar os sectores essenciais da nossa economia. Doses grandes de demagogia não são o remédio que Portugal precisa, mas infelizmente é o que temos neste momento. Espero que mais uma vez os empresários acabem por assumir o seu papel e demonstrem que não precisam dos planos do Ministro Pinho, mas antes de um Estado no seu lugar, mais flexível e amigo do investimento privado.

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