O debate de ontem entre os líderes do PSD e do PS fica para a história. Por dois motivos:
- porque foi o primeiro a ser elaborado sob aquele modelo específico;
- e porque foi uma enorme e arrastada chatice.
Por vários motivos:
- porque, por culpa dos jornalistas - que eram quem fazia as perguntas - os candidatos se perderam em assuntos sem qualquer interesse, não abordando temas que eram fundamentais;
- porque, por culpa do modelo - dado não haver diálogo - ao não serem feitas perguntas específicas sobre temas que era importante abordar, eles não puderam surgir da dinâmica do diálogo entre ambos;
- porque, por culpa do modelo, os candidatos praticamente não puderam exercer o contraditório, não puderam fazer ligações entre temas, não puderam lançar o debate sobre os hemisférios associados a cada tema escolhido.
Por mim, espero que o modelo seja rapidamente abandonado. Por vários motivos:
- porque ninguém estava preparado para o modelo. Nem os candidatos, nem os jornalistas de serviço, nem sequer os comentadores - que nas horas seguintes se divertiram a chamar a atenção para os temas que não foram abordados, como se isso fosse culpa dos candidatos e não do modelo e das perguntas dos jornalistas;
- porque a alma nacional e latina dos candidatos não tem enquadramento naquele modelo empastelado e chato, que deve servir muito bem para candidatos a governar a Suíça e a Austria;
- porque o modelo é mais um prego na miserável tentação de hegemonização do modo de vida dos portugueses: muito limpinho, muito sem ruído, muito bem comportado, muito politicamente correcto, muito sem sal, sem pimenta, sem chama, sem rasgo, sem alma, sem nada que valha a pena recordar.
É no que dá a importação de macacadas de outras democracias.
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