quarta-feira, julho 28, 2004

O orgulho na cidade

O Porto é a 2ª cidade do País

Uma 2ª cidade é sempre complexada e invejosa. No nosso caso o complexo é real e a inveja faz sentido.

É neste contexto que o futebol, e ainda mais o FC Porto, tem a importância que tem. É um elemento de identificação, de projecção do desejo de afirmação que a cidade, como tal, não consegue. Daí que seja um disparate atacar este enorme ponto de união dos cidadãos, sejam ou não adeptos do FC Porto.

Se o Dr. Rui Rio me perguntasse, eu dir-lhe-ia que uma das prioridades da gestão camarária é a de criar um polo alternativo ao futebol de identificação colectiva, elemento fundamental de satisfação individual. 

Eu, empiricamente - isto é, sem ter mais elementos que o os comuns mortais - diria que essa identificação colectiva deve ser feita pela área da Cultura. Não a cultura do Fitei, ou  do Fantasporto, porque por aí seria muito dificil, e nós nisso (teatro e cinema) não somos especialistas. Eu apostaria numa ligação à universidade. E dentro da universidade escolheria uma ligação entre a engenharia e a arquitecura. Nestas áreas temos do melhor que há no mundo, e a Câmara não aproveita...

Unia esforços de comunicação neste sentido. Acabaria com os cartazes "Porto Feliz", mais "Porto Cidade da Ciência", e outras  merdas que andam por aí, e que são verdadeiramente dinheiro deitado fora, já que dispersam completamente o esforço de comunicação em várias mensagens, sem qualquer ligação entre si. Substituia a imagem da cidade, e criaria uma harmonia entre os vários cartazes da responsabilidade da Câmara (criaria um Manual de Procedimentos, etc). A aposta na estética é fundamental, e isso deve ser feito por profissionais (ligados à universidade...) e não com jeitosos de última hora.

Criaria um museu especializado, e estabelecia como objectivo que em 10 anos o Porto fosse mundialmente conhecido como a Capital Mundial da Arquitecura e da Engenharia (Barcelona intitulou-se Capital Mundial do Design...).

Isto não resolvia os problemas da cidade, do endividamento, dos arrumadores, da Casa da Música, etc. Mas os portuenses sentir-se-iam mais identificados com a sua cidade. Continuariam a ter orgulho no FC Porto, mas já não seria o seu único motivo de orgulho. 

Aquilo que faz falta à cidade é uma ideia, para uma salutar afirmação colectiva. É também disso que se faz o bem estar no dia-a-dia de quem trabalha.

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