sábado, outubro 01, 2011
sábado, fevereiro 26, 2011
Um vento manso
A acção política é a mais nobre actividade social do ser humano. Contudo, parece ter-se transformado na mais torpe e suja actividade. Porquê?
Será porque a busca do compromisso a qualquer preço desvirtuou a manifestação límpida das opiniões e a assumpção clara das divergências?
Será porque a cobardia perante as consequências pessoais e os riscos de isolamento levam à esquizofrenia de não agir como se pensa, para afinal se passar a pensar como se age?
Será porque a experiência nesse mundo-cão sugere que o calculismo compensa e a dissimulação rende?
Será porque a ditadura dos números sugere que um crime se justifica se ao perpetrá-lo evitar outos 10?
Será porque se tranquiliza a consciência compartimentando-a em assoalhadas distintas onde se encontra sempre um quarto com sol a esquecer-nos os quartos escuros?
Será apenas por medo, por vaidade ou por ambição?
Alguém dizia há dias que a coragem tem de ser inteligente.
Eu suspeito que a coragem e a inteligência podem ser qualidades mas não são virtudes. Para o serem, terão de ser justas. Um celerado corajoso é um perigo, da mesma forma que um patife inteligente é uma ameaça.
Para a acção política ser justa tem de ser reflectida mas não pode ser calculada. Se apenas for atrevida e/ou esperta nunca será nobre mas depressa será vã. E as alegadas coragens para o amanhã, são a mais vil cobardia de hoje e de agora.









