Tal como o seu nº 2, "entrar na História" é, já todos tínhamos percebido, a ambição desmedida do Costa. E, em "bom" político, foi preparando cuidadosamente o seu plano para lá chegar. Incapaz de um rasgo de génio, copiou a papel químico Jorge Sampaio e candidatou-se à Câmara de Lisboa para se dar a conhecer ao país. Farto de Lisboa - onde nem sequer vive porque não quer e não gosta - e não sendo, aliás, uma missão que o entusiasmasse mas apenas um meio para atingir um fim, quando achou que chegara o momento certo, rasteirou pelas costas o colega Seguro e, da forma lamentável a que todos assistimos, chegou a líder do PS. Quando a abstenção - o "partido" que venceu com maioria absoluta - demonstra estar cansado da baixa politiquice e não reconhece a menor credibilidade aos profissionais da política, António Costa - que agora surge como o grande analista e intérprete da vontade dos portugueses nas eleições - fez na campanha a triste e deplorável figura do político no seu pior: mentindo a torto e a direito, não hesitando sequer em recorrer ao supremo descaramento e desonestidade intelectual de responsabilizar Passos Coelho pela vinda da Troika no debate com que todos vimos na televisão. Vale tudo!!! Quando todos os analistas de serviço lhe deram a vitória no debate, comentei para mim mesmo "perdeu aqui as eleições!" . Não me enganei! Perdeu, de facto, em toda a linha: pediu aos eleitores uma maioria absoluta e teve o desastroso resultado que se viu. Apesar de quatro anos de medidas duras e impopulares mas, não tenho dúvida, absolutamente necessárias, Passos Coelho e Paulo Portas ganharam-lhe, ainda assim, as eleições - que Costa dava como favas contadas porque dificilmente entende que um povo sério saiba que era inevitável ao devedor respeitar as exigências do credor e à coligação não restava alternativa senão gerir a tenebrosa herança que recebeu de Sócrates. E por isso mesmo lhe deu novamente a maioria do seu voto. Qualquer outro político teria apresentado imediatamente a demissão perante o descalabro desta derrota do partido que lidera. Mas Costa não apresentou, também sem surpresa e também sem vergonha nem dignidade. Para "salvar a honra do convento", houve vozes discordantes no PS que revelaram uma dignidade que faltou ao líder e deram disso público testemunho. Mas Costa assobiou para ao lado e tal como o seu número 2, também ele quer "ficar na História", seja a que preço for. Ainda o veremos um deste dias a telefonar à mãe: "Mamã, sou primeiro-ministro!"
Vai conseguir, aparentemente, "ficar na História". Pelos piores motivos, direi eu. De facto, corremos todos sérios riscos de o ver chegar a primeiro-ministro. Se isso acontecer, para a História ficará como o político que, depois das nossas lutas na rua para evitar que os comunistas tomassem o poder, faz-nos agora regressar aos lamentáveis e de triste memória tempos do PREC, do alucinado Vasco Gonçalves e dos seus amigos comunistas, sentados no governo a nacionalizar tudo a eito e a destruir a economia com o exclusivo objectivo de provocar pobreza e, com isso, ganhar votos entre os empobrecidos. Onde estava o Costa quando nós, democratas, estávamos na Alameda ?... Muito provavelmente do outro lado da barricada, ao lado do pai, um comunista irredutível, como bem recordou o irmão Ricardo Costa outro dia.
É esta a figura que se perfila como possível futuro primeiro-ministro de Portugal. Se for esse o nosso triste destino, deixo já aqui o desafio: no dia da eleição do novo presidente da república, seja ele quem for, vamos todos manifestar-nos na rua! "Eleições já!" é a palavra de ordem que sugiro. Antes que ele e os novos (ou nem por isso?...) amigos comunistas - que só sobrevivem eleitoralmente com os votos dos mais pobres, incultos e desfavorecidos - tenham tempo de nos afundar outra vez e tenhamos o Costa (a copiar Sócrates como copiou Sampaio) pedindo, com aquele sorriso patibular que todos lhe conhecemos, o regresso da troika e um novo resgate e, com ele, mais quatro anos de austeridade, como lucidamente previu ontem António Barreto na sua intervenção na televisão.
"Ficar na História!!!...". É o que temos: os arrivistas desesperados pela única oportunidade que terão na vida para andarem de Mercedes com motorista "próprio" e garantir, para o futuro, uma reforma dourada que nunca teriam se prosseguissem no cinzentismo e na mediocridade das suas vidas pessoais e profissionais.
Em 1974, Portugal era um país do terceiro mundo. (Para dourar a pílula, chamava-se a isto, país em vias de desenvolvimento). Absurdo que possa parecer às gerações actuais, em pleno final do século XX, uma das primeiras medidas do Conselho da Revolução que nos governou a seguir ao 25 de Abril - já ninguém se lembra disto! - foi mandar a tropa para a província ensinar o povo a ler e a escrever! Imaginam os magalas, esmagadoramente vindos das berças, a dar aulas de português aos analfabetos? Mas foi exactamente assim, honra lhes seja feita, coitados!. Não conseguiram, obviamente, ensinar o povo a ler e a escrever que, por isso mesmo, continuou tão analfabeto e inculto como era antes, por mais uns bons pares de anos. Graças à Democracia, os filhos deles já foram à escola, aprenderam a ler e a escrever e vários deles até chegaram a ministros. Mas se não ensinaram o povo a ler e a escrever, ensinaram-no seguramente a assinar o nome. E por esta via, ficou facilitado o recenseamento eleitoral. Não surpreende, por isto, a importância que nessa época o partido comunista conseguiu alcançar. Os comunistas, bem o sabemos, inexistentes nos países civilizados e avançados, só sobrevivem em países de terceiro-mundo e a falta de cultura e a pobreza do povo é, para eles, a única garantia de sustento e sobrevivência. "Quanto pior, melhor", como bem pensaram e bem executaram enquanto puderam.
Quando, em 1989, caiu o muro de Berlim e começou a escancarar-se o absoluto horror catastrófico do comunismo que governou a Europa de Leste depois da II Guerra, todos os partidos comunistas europeus se apressaram a mudar de nome para tentar passar entre os pingos da chuva e assegurar a sobrevivência futura (e o tacho dos subsídios estatais que os mantem à tona). Na Europa, despareceram em todo o lado. Menos em Portugal. Álvaro Cunhal, sempre irredutível - à insistência no erro chamam os seus devotos "coerência"! - e tão incapaz de entender o futuro como Salazar (de tão igual a ele em tantas coisas, parece tê-lo tido por mestre nas artes de manipular o povo!), insistia que Gorbatchov era um traidor, que a Perestroika era uma catástrofe para o "povo unido" e Marx e Lenine continuariam, até à morte, a ser, para ele, os seus deuses na terra. Contrariar a opinião do "grande ditador do proletariado" era garantia absoluta de despedimento do partido com justa causa e poucos foram os que ousaram fazê-lo. No leito de morte, os que lhe sucederam devem ter-lhe jurado fidelidade até ao fim e continuam talvez por isso, quais "robertos", fantoches em teatros de rua, a reproduzir a mesma cassette que ele deixou escrita para ser lida e repetida "ad eternum" e "ad nauseam". A União Europeia é, para eles, a razão de todos os males do mundo e advogam, para a alegria e bem-estar do povo que os sustenta, a saída da Europa, do Euro, da NATO e, deduzo eu (porque nunca explicaram que apoios têm fora destas duas organizações...), proponham uma união com a Coreia de Norte que tanto devem apreciar. De facto, não vejo outros países - talvez a Venezuela dos nosso dias, não sei... - que defendam os mesmos princípios e objectivos nem lhes sobre muito mais na escolha de parceiros, graças a Deus. A China, agora convertida ao capitalismo mais feroz, foi sempre para eles um ódio de estimação, não porque fosse substancialmente diferente no conteúdo e na forma mas simplesmente porque lhes roubava a clientela. E nesta altura, até já nem com Cuba podem contar, agora que o irmão do Fidel se rendeu aos encantos dos Estados Unidos e do mundo ocidental e anunciou até, pasme-se!, a sua possível conversão ao catolicismo! A velhice, a senilidade, - o homem está com 84 anos! - tem coisas destas quando o fim se aproxima... "Yo no creo en Dios pero que hay Dios, hay..." dirá o velho ditador para os botões da sua farda de general.
Tão ferozes contra a União Europeia (cuja única virtude parece assentar nos ordenados milionários que pagam aos deputados em Estrasburgo e sempre lhes ajudam a aliviar a falta de receitas pela quebra de militantes...), contra o euro e contra a NATO são os outros comunistas, estes mais envergonhados de o serem e que, por isso mesmo, se apresentam travestidos de "bloquistas", o que quer que isto signifique. Mas são, dizem eles, um "bloco", o que, segundo reza o dicionário, é um "conjunto cujos componentes dependem uns dos outros: doutrinas que formam um bloco inteiriço". No português do Brasil, mais pragmático e menos coloquial, bloco significa "grupo de carnavalescos", segundo o mesmo dicionário. Nada me parece mais apropriado para este grupo folclórico que, como os mascarados nos desfiles da Sapucaí, tentam a custo travestir-se de democratas e esconder a sua verdadeira identidade e ideologia. Uns e outros ainda vão conseguindo enganar os que, na famosa campanha de alfabetização de 74/75 não conseguiram aprender a ler e a escrever e, também por isso, continuam pobres e a comprar as fantasias e ilusões que lhes impingem. Mas, admito, já só mesmos esses e mais meia-dúzia de tontos ditos "independentes de esquerda" (ou "independentes de direita", que também os há e votam no bloco!). E, finalmente, admito, alguma juventude desempregada, desiludida e radicalizada, que por lá vai militando enquanto aguarda o visto e o bilhete de avião para a Turquia. E se hoje me atrevo a dar testemunho do que me vai na alma - vão chamar-me "anti-comunista primário", já prevejo, é afinal o único "contraditório" a que recorrem perante a falta de argumentos inteligentes!!!! - pretendo apenas aproveitar eles não terem ainda chegado ao poder. A partir desse dia, serei obrigado a emigrar ou a calar-me: a liberdade de expressão é o primeiro dos direitos que eles tentarão abater, como determinam aliás as cartilhas dos regimes que ambos, PC e Bloco, defendem. E a que o PS, para "ficar na História" e não perder a maioria parlamentar, não deixará de ceder quando o momento chegar. A isto como a tantas outras coisas que eles já estão a preparar... (Veja-se o ar de mal disfarçada alegria vitoriosa da Catarina Bloquista na entrevista a Maria Flor Pedroso. Vale a pena! Ficamos a saber que Costa disse a tudo que sim!...). Isto de "ficar na História" tem alguns custos, pensará o Costa para sio mesmo...
Não me surpreenderia, agora que alegadamente detêm a maioria absoluta no Parlamento, os dois partidos comunistas proponham - leia-se, imponham ao Costa - mudar o nome do país: em vez de Portugal, um nome que vem do "antigamente", logo, perigosamente de direita, se não mesmo fascista e, como contributo decisivo, venha a terreno a lucidez e a superior sabedoria do bloquista e historiador Fernando Rosas, explicar que o nome "Portugal não foi democraticamente escolhido pelos seus nacionais e deverá por isso ser mesmo alterado e eliminado dos dicionários", passando a chamar-se daqui em diante "Teoria". Neste novo país, a vida é um regalo, explicarão eles, com o ar convicto de quem, como é invariavelmente o dos grandes educadores do povo que detém a verdade suprema, tudo corre às mil maravilhas e "o Sol brilhará para todos nós" como todos eles insistentemente cantam, prometem e asseguram a quem (ainda) os queira ouvir e acredite numa palavra do que eles dizem!
Acabo já este desabafo: depois das lutas pela defesa e consolidação da Democracia que tantos como eu travámos, ver este grupo de arrivistas, fantoches e travestis - les beux esprits se rencontrent... - como nossos governantes; depois de tantos como eu termos dado o nosso voto à coligação que venceu de facto as eleições e que a "maioria de esquerda", em verdadeiro "golpe de estado" de inspiração estalinista - "filho de peixe sabe nadar"... - se propõe impedir que governe; depois de, pela mão de outro socialista que já assegurou a sua entrada "na História" por tantos e tão diversos motivos, José Sócrates de triste memória, termos passado pelo vexame de ser obrigados a chamar outra vez uma troika estrangeira para, uma vez mais, tentar ensinar os nossos políticos a governar um país, a sombria perspectiva de ver em pleno século XXI no governo do meu país dois partidos comunistas (que, como todos bem sabemos, por imperativo da sua própria doutrina, a primeira medida que tomam quando assumem o poder é abolir a existência de partidos políticos, leia-se, mandar a democracia às urtigas e decretar o regime de partido único como agora pretendem fazer um ensaio no parlamento, transformando os vencedores em vencidos e os vencidos em vencedores) é o atestado que nos faltava para sermos colocados na Europa ao lado da Grécia - que tanto trabalho nos deu a tentarmos afastar-nos - como o pior do "terceiro-mundismo", ambos irredutíveis na sua irremediável e óbvia incapacidade se auto-governarem. É "África no seu melhor!", como se comenta à boca pequena na Europa civilizada a que a maioria dos portugueses quer pertencer.
Tudo isto, com o único objectivo de conseguir a qualquer preço "entrar para a História", ficaremos a dever a António Costa. Deus lhe perdoe! Eu não.
Larama
Nota: o texto foi enviado por pessoa amiga em momento de grande revolta pela situação política em que nos vemos envolvidos. Achei que merecia a pena a sua publicação. Tardou uns dias mas mantêm-se atual. Mas sei que
Carlos se és amigo do Larama leva-o urgentemente a um bom clinico. Olha que ele está a sofrer de verdade e precisa da nossa ajuda para se livrar destes pesadelos que até metem Coreia do Norte.
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