A recente escolha do Sr. Corbyn para líder da oposição inglesa trouxe-me as seguintes reflexões, em muito influenciadas pelas reacções de alguns países, e seus povos, à crise das migrações.
Verifico, com desencanto, que na Europa vão triunfando os populismos, de esquerda e direita. Se isso se pode ficar a dever a uma reacção institiva ao período de maiores incertezas que vivemos, aumentado pelo descontentamento das classes médias com o aumento da chamada desigualdade ou disparidade social, não deixa de revelar uma evolução preocupante das nossas sociedades.
Sou daqueles que, contrariamente a vozes bem pensantes, pensa que a Democracia não é o mal menor, muito pelo contrário, é de longe o sistema mais avançado para a resolução dos problemas políticos de uma sociedade, pese embora as suas materializações, como todas as realizações humanas, possam, e devam, ser aperfeiçoadas, quer com base na experiência quer com inspiração nas soluções experimentadas por outros, quer ainda criando soluções novas para os desafios que os tempos vão trazendo.
Porém, um dos riscos maiores da Democracia nestes tempos de inundação de informação e desinformação, é precisamente o advento e triunfo de soluções populistas que prometem qualquer coisa para captar eleitorados, sem que ninguém pareça preocupar-se com a exequibilidade das propostas apresentadas...
Pior ainda quando as soluções apresentadas recorrem a balofas promessas ignotas das experiências passadas e dos péssimos resultados que trouxeram. É, em minha opinião o caso do Sr. Corbyn. Como foi do Sr. Tsipras. E é o caso dos líderes de direita na Hungria ou outros em países de Leste e Sul.
Contudo, escrevo aqui apenas para alertar uma consequência destas evoluções. Quem acompanhe minimamente a política americana certamente que se apercebeu da profunda divisão em que vive aquele povo, com consequências paralizantes na política e radicalizantes na sociedade. O pior exemplo será a audiência que está a merecer o Sr. Trump.
Ora, parece-me que este fenómeno da escolha de líderes bem falantes mas sem substância, ou, pior, como o Sr. Corbyn a propor soluções que já falharam no passado, levará inevitavelmente a uma reprodução do fenómeno americano na Europa. Se lhe acrescentarmos a postura e as motivações do Sr. Putin, estaremos muito próximos de cenários que, no passado, nos trouxeram gravissímas consequências.
Oxalá os Povos tenham aprendido. E os seus líderes moderados estejam atentos. Que há esperança, não restam dúvidas, basta atentar no que se passou nas últimas semanas com a crise das migrações. Mas também há motivos para receios, como o demonstra a incapacidade dos líderes europeus de se entenderem sobre a solução...
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