quinta-feira, setembro 25, 2014

Os novos culpados

No passado o culpado era sempre o mordomo. Fosse qual fosse o motivo da acusação acabava sempre na pobre personagem. Os tempos passaram e eis que há novos culpados. As agências de comunicação.


Para quem desconhece a existência de agências de comunicação e o que elas fazem, sossego-os desde já dizendo que não comem crianças ao pequeno-almoço nem têm capacidades de fazer aparecer o sol em dias de chuva. E sim sou possuidor de metade de uma agência de comunicação.

Com mais ou menor mestria, com maior ou menor sabedoria, o objectivo das agências de comunicação resume-se a potenciar as qualidades dos seus clientes e a minorar as suas fragilidades, difundir as suas ideias, comunicando-as da melhor forma possível. (ok esta é a versão purista e pela qual eu me gosto de rever e pautar o meu dia-a-dia).

Clientes esses que podem ser as empresas mas também os políticos ou até clubes de futebol. Mas o que está na berlinda é a relação entre os políticos e os novos mordomos.

Voltando às agências, diria que fazemos uma série de actividades, usando diversas "ferramentas" sempre com os ditos dois objectivos e seguindo o código de estocolmo, que nos enquadra enquanto bons rapazes.

Dito isto regressemos aos nossos dias e à chacina pública e notória que tem sido a eleição directa no PS. Costa acusa Seguro de que diz o que as agências de comunicação o mandam dizer. Seguro vem explicar-se e afirmar que não tem agências de comunicação envolvidas na sua campanha.

Mas as nossas costas são tão largas que também somos os maus da fita no suposto caso de Luis Filipe Menezes. E Costa volta ao ataque. Que Seguro partilha com Menezes as agências de comunicação. Do género "eles usam a mesma seringa",

E claro que vamos continuar na berlinda. Não só porque vai ser conveniente a muita gente mas por muito por culpa própria. "Em casa de ferreiro espeto de pau" é o melhor que podemos apontar como explicação para este óbvio caso de má reputação.

Procurando enquadrar o cenário em que nos movemos, diria que temos um triângulo muito pouco amoroso mas seguramente muito interesseiro: agências de comunicação, os políticos e a comunicação social. Ver Luís Paixão Martins e Rui Calafate sobre a ligação das agências de comunicação e os políticos e o trabalho que podemos fazer, dando credibilidade e facilitando os trabalhos de todos.

E nós estamos sempre no meio. Apertados pelas necessidades dos clientes, condicionados pela receptividade dos jornalistas. Acabamos por ficar no meio. Gerindo informações e motivações.

Para uns somos os culpados dos seus falhanços mas nunca parceiros das suas conquistas, para os outros somos os empecilhos a uma informação livre mas nunca uma boa fonte a que recorrem quando querem informação fresca. Deus quanta injustiça.

Claro que os seres humanos não são perfeitos e a vida real é feito pelos ditos e não por super-heróis de banda desenhada.

Lá continuaremos neste processo de escárnio e mal-dizer em que os consumidores de informação, espécie em via de extinção, são obrigados a separar o trigo do jóio.

Pela minha parte penso que será  mais tranquilo dedicar-me a treinar cangúrus no parque da cidade. Mas assumo aqui que fiz, faço e farei comunicação política. E que nunca cometi nenhum dos pecados que temos sido acusados.





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