A Escócia votou « não »
à independência.
Votou uma maioria
e com ela o Obama, o Rajoy, a rainha, o Rasmussen, o Juncker, o Rebelo de
Sousa, os CEOs, os banqueiros, a BBC, a SIC, o Barroso, o Rangel, o Assis e o
David Bowie. Este “não” não tem nada, enquanto o “sim” prometia um futuro que
apesar de negado conseguiu arrancar aos do “não” uma série de concessões de última
hora que só foram possíveis porque aquele “aye”cresceu de maneira a assustar o
Cameron.
Trata-se de uma
vitória de Pirro pois quem mais perdeu foi quem julga ter ganho.
Perdeu a Europa
de Bruxelas, pois embora pareça ter salvo as mobílias e o faqueiro, escaqueirou
definitivamente, pela forma como se intrometeu no assunto, a loiça e a
confiança de milhões de cidadãos, de dentro e de fora do Reino Unido, na
bondade de uma construção institucional que, mantendo-se anquilosada e sitiada,
usa a ameaça como argumento e tranca as janelas à realidade.
Perdeu o establishment
de Westminster, a quem os galeses e irlandeses do norte vão exigir, e bem, as
mesmas concessões prometidas a Edimburgo. Perdeu a monarquia, cuja rainha
afinal se dispôs a fazer uma comunicação governamental cujo apelo à reflexão e
ao bom senso escondia na verdade uma pressão inadmissível sobre o eleitorado do
norte.
Perdeu, enfim, a
concepção de que os Estados da segunda metade do século passado são estruturas inamovíveis
e imutáveis por muito que isso pese às populações e aos povos.
É certo de que
este ‘quem ganha perde’ traz um custo: o prolongamento de uma agonia, visto que
este “não” é apenas um adiamento e nesse “nem o pai morre nem a gente come”
crescerão as crispações à medida que se revelem melhor os becos para onde nos
conduzem.
E, todavia, ainda
quero acreditar numa Europa unida, uma Europa das Regiões, a Europa da
subsidariedade, da proximidade e da solidariedade. Nada a ver com a União
Europeia e os seus truques de engorda gansos, com que nos querem enfiar pela
goela tratados que rejeitamos mas que servem para pôr nas torradas dos
poderosos um fois gras feito de enganos e falsas promessas.
Sim, perdeu-se
uma oportunidade e comprou-se uma crise de senilidade. Mas há sempre um vale por
detrás do monte e , como dizia um outro, eppur se muove.
Viva a Escócia!
...e "EU" ! Olarilolé!!!
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