terça-feira, setembro 09, 2014

AYE!

No dia 18 os escoceses vão decidir por referendum sobre a independência.
Na verdade, vai-se decidir muito mais do que isso: vai dar-se início, ou não, a um movimento de afirmação regional que inflamará toda a Europa.

Parece que a rainha de Inglaterra se comove. O primeiro-ministro de Camberra já veio a terreiro mostrar a sua preocupação australiana. O Sr. Barroso também há tempos lançara umas ameaças patetas que pelos vistos, e como é normal sempre que diz algo, teve o resultado inverso, apenas contribuindo para reforçar  o campo dos independentistas. Os castelhanos fazem figas, não vá a Catalunha levantar-se, e o rei dos belgas manda rezar missas para que não fique na história como o mais curto monarca de um país de lego.

O Sr. Paulo Rangel também se emociona e faz do tema assunto para encher a página que lhe pagam no Público de hoje. Aquando das primeiras eleições a que se apresentou para o Parlamento Europeu, tive a desfaçatez de me entusiasmar com essa candidatura pois via nele um homem enérgico e com conteúdo que ainda cresceria mais ao ganhar um mundo que as vistas de Gaia lhe não permitiam. Foi uma desilusão e a prova definitiva do trambolhão fê-la nas últimas eleições, com um discurso rasteiro e paupérrimo, sem visão mas muita gritaria.

Pois hoje o euro-deputado governamental Rangel faz juz a essa “dégringolade” ao afirmar que em caso de vitória do Sim tal será afinal o resultado das críticas que o governo do Sr. Cameron vem fazendo à União Europeia. Trata-se, a meu ver, de um raciocínio espertalhão mas que ofende a inteligência mais elementar que sabe distinguir alhos de bugalhos. Para o Sr. Rangel, que parece querer ignorar o significado do fiasco unionista das últimas eleições ou o desastre que implica a nomeação da raposa Juncker, ou a história do Reino Unido, qualquer mudança do status quo é de rejeitar e a afirmação de interesses regionais próprios só pode ser fruto de um populismo irresponsável. As vestes de regionalista esclarecido de que de vez em quando o Sr. Rangel se cobre ficam em farrapos andrajosos com este artigo em que se assume como o mais empedernido situacionista e centralista.

 Lembram-se da conversa da “ruptura”? Era afinal um mero reposteiro que o cálculo político/carreirista logo abriu para nos revelar uma farsa. Que lástima!




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