No dia 18 os
escoceses vão decidir por referendum sobre a independência.
Na verdade,
vai-se decidir muito mais do que isso: vai dar-se início, ou não, a um
movimento de afirmação regional que inflamará toda a Europa.
Parece que a
rainha de Inglaterra se comove. O primeiro-ministro de Camberra já veio a
terreiro mostrar a sua preocupação australiana. O Sr. Barroso também há tempos
lançara umas ameaças patetas que pelos vistos, e como é normal sempre que diz
algo, teve o resultado inverso, apenas contribuindo para reforçar o campo dos independentistas. Os castelhanos
fazem figas, não vá a Catalunha levantar-se, e o rei dos belgas manda rezar
missas para que não fique na história como o mais curto monarca de um país de
lego.
O Sr. Paulo
Rangel também se emociona e faz do tema assunto para encher a página que lhe
pagam no Público de hoje. Aquando das primeiras eleições a que se apresentou
para o Parlamento Europeu, tive a desfaçatez de me entusiasmar com essa
candidatura pois via nele um homem enérgico e com conteúdo que ainda cresceria
mais ao ganhar um mundo que as vistas de Gaia lhe não permitiam. Foi uma
desilusão e a prova definitiva do trambolhão fê-la nas últimas eleições, com um
discurso rasteiro e paupérrimo, sem visão mas muita gritaria.
Pois hoje o
euro-deputado governamental Rangel faz juz a essa “dégringolade” ao afirmar que
em caso de vitória do Sim tal será afinal o resultado das críticas que o
governo do Sr. Cameron vem fazendo à União Europeia. Trata-se, a meu ver, de um
raciocínio espertalhão mas que ofende a inteligência mais elementar que sabe
distinguir alhos de bugalhos. Para o Sr. Rangel, que parece querer ignorar o
significado do fiasco unionista das últimas eleições ou o desastre que implica
a nomeação da raposa Juncker, ou a história do Reino Unido, qualquer mudança do status quo é de rejeitar e a
afirmação de interesses regionais próprios só pode ser fruto de um populismo
irresponsável. As vestes de regionalista esclarecido de que de vez em quando o
Sr. Rangel se cobre ficam em farrapos andrajosos com este artigo em que se
assume como o mais empedernido situacionista e centralista.
Lembram-se da conversa da “ruptura”? Era
afinal um mero reposteiro que o cálculo político/carreirista logo abriu para
nos revelar uma farsa. Que lástima!
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