quarta-feira, setembro 25, 2013

Rui Moreira, porquê?


Chegado às portas da refrega eleitoral do próximo Domingo, suscitam-se algumas dúvidas que, de forma sibilina, nos inquietam. Por formação, por princípio e quanto mais não fosse, por bom senso, não poderia deixar de ser um defensor, embora desiludido, da democracia de partidos. Subscrevo, integralmente, a vulgataChurchilliana de que é, realmente, o pior dos sistemas com excepção de todos os outros.
Confesso, porém, que estranho não me ter suscitado qualquer dúvida a adesão, sem rede, ab initio e quase instintiva, a uma candidatura desenquadrada da lógica de partidos. Dei o Porto ao manifesto. Contudo, como não poderia deixar de saudar a oportunidade, ímpar, que é dada aos portuenses de suscitar algo novo no horizonte político-regional e nacional como, de resto, foi sendo apanágio da cidade ao longo da sua milenar história.
 O nosso partido é o Porto – é mais que um mero movimento de cidadãos. É uma candidatura, um projecto, que surge e se impõe como uma reacção mas, sobretudo, que se assume pelo seu valor intrínseco.
Como reacção, porque se insurge contra a degenerescência da partidocracia, contra tudo o que há de expediente difuso e ilegítimo, que manieta e deixa cativo o sistema político. Contra um modus operandi, contra um simples estaronde a virtude não se revê, mas se indigna. E é muito mais do que um fenómeno de caciquismo ou de controleiros, é todo um programa de assalto ao poder que anquilosou a sociedade, a economia, e que minou os pilares do nosso estado de direito.Não se sobe num aparelho partidário com o objectivo de servir – já seria pedir demais -  ou para governar e exercer o poder por ele próprio, sobe-se para alcançar o poder. E não há qualquer outro meta-objectivo que motive a sua manutenção que não a sua própria conservação. É uma serpente que, autofagicamente, se devora, com uma força centrífuga viciosa que inquina quem se lhe aproxima e que afasta os que se lhe opõem.
É contra este modo de estar que surge o nosso partido é o PortoPorque não se pretende substituir aos partidos, mas impondo-se-lhes, os obrigue a mudar. Há aqui, claramente, uma militância cívica que pretende dizer basta!
Mas se já valeria a pena um movimento com tal objectivo, ele transcende –o, largamente. A candidatura de Rui Moreira não surge só para resgate de uma cidade que poderá ficar sitiada mas porque tem um projecto sério, consistente e credível, para os portuenses.
Este movimento, atento o estado de necessidade em que os poderes públicos se encontram, sejam os locais ou centrais, assumiu-se como é, sem rodriguinhos, sem panaceias: um conjunto de cidadãos do Porto que se sobressaltaram e encontraram o rosto, o perfil, o carácter que personifica os valores que os unem: Rui Moreira. O candidato do nosso partido é o Porto, sem escamotear símbolos, deseja promover o melhor que a cidade tem, da forma mais sustentável possível. Sem iludir.Um homem da cidade, que aí cresceu, que aí vive, que conhece o Porto porque o palmilhou. Que sabe de cor o nome das ruas, dos becos, dos lugares com memória e daqueles que só agora a começam a ter. Alguém que vibra com as instituições da cidade, que sempre pensou o Porto, pelo Porto, seja na sua dedicação ao senado da cidade, a Bolsa, seja como interveniente privilegiado no debate e nos estudos que promoveu sobre as condições de mobilidade e transportes na área metropolitana e no norte, através dos seus altos contributos relativos às ligações das linhas de comboio à Galiza, o aeroporto Francisco Sá Carneiro, o porto de Leixões, o TGV. Não pretende a tribuna camarária para fazer currículo partidário, mas para dar de si o melhor, e resgatar o Porto, invicto, das teias que desde a capital forçam o país aos interesses políticos do momento. Nesta candidatura há memória, há passado, há o gosto genuíno, bairrista, pelos símbolos da cidade, dos que estão nos livros e daqueles que estarão. Porque só quem sente o Porto, adivinhará os seus desígnios e as suas necessidades. De facto, Rui Moreira não precisou de atravessar o rio!  
Mas também há mundo. Como, aliás, é penhor, todo o passado das suasintervenções cívicas. Adivinha-se que, com ele, o Porto não se limita ao espaço urbano que vai desde a circunvalação ao Rio Douro. Pelo contrário, a candidatura propõe uma cidade bem organizada, endogenamente, para se poder voltar para fora.Seguramente, Rui Moreira ostentará o exercício de um múnus urbi et orbi.
para estruturar uma cidade sadia, as suas propostas jamais poderiam escolher o caminho dos projectos grandiloquentes. Coesão e inovação social, reabilitação urbana, designadamente da Baixa, protecção do comércio tradicional (programa Mercator), promoção da reindustrialização dentro de muros, criação de interfaces das várias valências/clusters económicos da cidade, valorização da Cultura, entre outros incontáveis projectos que, seguramente, mais do que eficazes são também exequíveis e financeiramente sustentáveis. Porque num tempo de escassez de recursos há que prioritarizar, protocolar procedimentos e fazer escolhas. E, para isso, é preciso que as decisões sejam eficazes e que aportem um elevado grau de produtividade às soluções preconizadas. E essa é a marca Porto. Fazer das fraquezas, forças, fazer das tripas, coração. E tal só será possível com um governo sério, responsável. Mais do que um soundbyte é uma necessidade: ter contas à moda do Porto.
É por isso que o voto em Rui Moreira é um voto de cidadania activa, militante e responsável. Não nos iludamos, como alerta Régio: "Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces (Ninguém me diga: "vem por aqui"!(…)porque I am the master of my fate; I am the captain of my soul (Invictus, de William Ernest Henley). Porque foi esta cidade, onde nasci, que me ensinou o valor da Liberdade!

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