Na minha época de estudante, ainda nos tempos da outra senhora,
insurgíamo-nos contra esta por nos tentar adormecer com Fado, Futebol e
Fátima, qual ópio do povo como então dizia Mao, razão por que eram
também objecto da nossa forte contestação.
Vem-me isto hoje à memória, mais de 40 anos volvidos (e já 39
sobre o vintecincobarraquatro), por estarmos agora a ser encharcados pelos
nossos media com Futebol e Fátima, intervalados apenas com a crise
que insiste em ser hoje o nosso Fado.
Naquele tempo vivámos também o chamado regime corporativo, que agrupava
a sociedade activa em corporações, tudo sob a coordenação dum Ministério
também dito das Corporações. Regida pelo famigerado Martinez, a cadeira de
direito corporativo integrava ainda obrigatoriamente o plano do curso.
À medida que esta crise nos vai mostrando os podres do actual
regime democrático, que se têm revelado bem piores do que poderíamos imaginar,
vamos também verificando que uma das dificuldades em os corrigir
radica numa cultura de corporativismo que subsiste na nossa
sociedade, hoje mais forte e mesmo com mais poder que no tempo em que era
institucional.
A ponto de, segundo o Expresso de há 3 semanas atrás, António Borges ter
gracejado para uma plateia de estudantes: “O Dr. Salazar deve estar radiante no
túmulo, já que não esperava ver o país com um corporativismo tão acentuado”.
Acrescentando eu que, se o tal túmulo tiver televisor, este
fim-de-semana, mais que radiante deveria estar mesmo a rir gargalhada.
Salvo se
fosse benfiquista, do que duvido...
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