Li ontem um artigo de um jornalista num jornal
diário de referência que, a dado passo, dizia o seguinte: “só um pensamento
totalitário admite o sacrifício de pessoas concretas em nome de princípios
abstractos”.
Ainda pensei que fosse a brincar, o que no
contexto teria até alguma graça. Mas não. Esta frase define uma época, estes
tristes tempos que vivemos. O tema do artigo era a co-adopção mas, apesar de
não concordar com o autor sobre este assunto, não é isso que me ocupa agora.
O que me despertou foi a leveza com que se
proclama, sem a menor dúvida ou hesitação, que não existem princípios. É isso
mesmo que se está a dizer. A seguir-se a certamente irreflectida tese do autor,
os princípios cederiam sempre na exacta medida em que provocassem algum
sacrifício a um indivíduo. Não haverá nenhum princípio que justifique um mínimo
de sacrifício individual? Parece que não. O meu caso não deve contar, pois
tinha por certo que há vários princípios que por vezes impõem algum sacrifício,
não vou agora enumerá-los, mas que sei eu, devo ser um masoquista.
Nada vale, portanto, em circunstância nenhuma,
a não ser a ausência de sacrifício para todo e qualquer ser humano. O princípio
e o fim é o bem estar individual.
Tenho, desde logo, de pedir a indulgência,
embaraçado, aos milhares ou milhões de pessoas que acharam ao longo dos tempos que
existem princípios que merecem sacrifícios pelo facto de, pelos vistos, alguém conceber
viver sem sacrifício e sem princípios.
Uma civilização hedonista sem princípios não o é
de todo.
Se a tese vinga, em princípio isto é o fim
ResponderEliminarUm abraço
JAC