domingo, maio 26, 2013

Cisma Grisalho?

Aproveito a declaração de Paulo Portas sobre a sua oposição (e a do CDS e muitas pessoas do PSD) a uma nova taxa sobre os pensionistas, para o titulo deste breve "post".
Hoje no Público, um artigo de opinião de Paulo Trigo Pereira foi ilustrado com o gráfico que anexo:


Neste gráfico resulta claro o enorme deficit no saldo das funções sociais directas do estado. Diferença entre as prestações sociais que pessoas e empresa pagam e as pensões e subsididos de desemprego pagos pelo estado. Este gráfico analisa apenas os primeiros 4 meses do ano e o saldo negativo já vai em quase 4 mil milhões de euros! Acresce a isto que não parece que este saldo esteja para ser positivo. Nem no curto prazo e muito em especial no médio prazo.

Concordarão todos que o tema é muito grave e que nos obrigará a escolhas.

O tema tem uma base estrutural que, em especial a esquerda, não quer resolver que é o facto de a geração que está activa paga as reformas da geração acima. Isto funcionou bem enquanto a pirâmide de idades ajudava (mais nascimentos do que óbitos). É um problema com a demografia que temos hoje. É um problema porque as pessoas quando se reformam acham que estiveram a descontar para uma determinada reforma, quando o que descontaram foi gasto nas reformas dos seus pais. Este modelo estruturalmente é muito difícil. Mudá-lo significa que uma geração pagará duas vezes. Continuará a pagar as reformas dos seus pais e pagará as suas com a constituição de um fundo (uma poupança). Estamos disponíveis para esta escolha?

Outro tema é o da estrutura das reformas que o estado paga e da sua incidência. Todo o modelo resulta da adição de beneficiários ao longo dos anos. Não é coerente, é muito assimétrico e tem regras de acesso muito diferentes. Estamos disponíveis para alterar tudo isto?

São apenas dois exemplos da dificuldade das escolhas que teremos pela frente. Uma coisa eu tenho certa. Aumentar reformas, aumentar o número de reformados sem nada mudar e em alguns casos ainda pedir uma baixa de impostos não é realista.

Uma nota final para o facto de este tema nada ter a ver com opções ideológicas ou políticas. A obrigação de o estado tratar com dignidade quem se reforma é, para mim, fundamental. Tão fundamental como garantir que os nossos filhos não recebem uma "conta" que não vão conseguir pagar. Por isso é que teremos de escolher.


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