O que é que tem a ver o facto de um tribunal
estar há três meses a meditar no acordão que vai adoptar com o facto de não se
estar a pressionar o mesmo tribunal quando se vai dizendo que sobre ele recaiem
grandes responsabilidades?
Os juízes desse tribunal já deviam ter
decidido sobre o assunto? Claro que sim, mas, como se sabe, a classe em geral dos
magistrados portugueses vê-se a si própria como uma classe de gente especial a
quem não se podem exigir prazos, rigor, independência e eficácia. Então os do
Tribunal Constitucional são uma estirpe ainda mais especial, recrutada de uma
forma duvidosa, que se julga acima do vulgar das instituições e credora de uns
pergaminhos muito particulares. Enfim, uns calaceiros emproados.
O governo e em especial o seu
primeiro-ministro deviam ser o mais discretos possível nesta circunstância e
aguardarem caladinhos o dito acordão? É evidente que sim. As declarações do
primeiro-ministro a esse propósito sobre as responsabilidades do dito tribunal
são uma prova suplementar da imaturidade política dos actuais governantes, que a
compensam com a esperteza cobardolas de mandar umas boquitas enviesadas com ar
de quem não parte um prato e ainda reza um padre-nosso todas as manhãs.
Para ajudar à missa, veio
hoje um ministrozeco que para lá foi por engano afirmar o que o cú nada tem
a ver com as calças: que esperamos há 3 meses e que o governo não pressiona
ninguém, mas que esperamos há 3 meses. Esta gente não se enxerga! Uns poltrõezecos
incompetentes e medrosos. Nunca lhes virem as costas!
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