sábado, abril 06, 2013

Miguel Gonçalves e os betos do costume

Antes de mais dar nota de que conheço Miguel Gonçalves ainda ele não pensava ter o mediatismo que hoje tem. E bem arrependido estou de ter entrado apenas a meio gáz ao desafio que na altura me lançou, estava ele a preparar a sua primeira iniciativa. A vida é assim. Mas desde essa primeira hora que tenho tido o prazer de participar numa série de organizações suas, sejam o "So Pitch" sejam os "Udini Drinks". Em ambos tenho estado com jovens que têm umas boas ideias, outros nem por isso e outros há que deviam ter ficado em casa. Mas sinto-me sempre bem acompanhado, em especial por empresários verdadeiros, dos que no seu dia a dia lutam pelas empresas sem estarem sempre à espera do guarda-chuva do estado. Vejo gente que cria riqueza rever-se na energia e no discurso de Miguel Gonçalves. Não é à toa que o Miguel é chamado por grandes empresas para sessões de motivação, não é à tôa que a universidade do Minho se faz representar na suas acções. E aqui chegamos ao fulcro do problema, pois o que tem causado mais "comichão" aos "pachecos pereira" deste país é facto do Miguel Gonçalves fugir do estereótipo dos betos do costume.

Vejamos algumas das críticas a que tem estado sujeito:
a) tratou por tu a Fátima Campos Ferreira. Ora que grande atrevimento de um jovem. Não sabe ele que neste país de doutores e engenheiros o tratamento por tu é crime? Os salamaleques da linha dos betinhos tem que ser mantida. A afronta é grande portanto.

b) tem sotaque. claro. Tenho eu, tem a Edite Estrela e têm todos os estupidos que acham que não têm. A diversidade e riqueza da nossa língua leva a isto mesmo. Há os sotaques do norte, e neste o de braga, o de guimarães, o do porto; há o sotaque de coimbra, o do alentejo, o do algarve, há o dos açores, o da madeira e por fim o de Lisboa. Mas o Miguel não podia ter sotaque.

c) o seu discurso é cheio de frases feitas. Ora queriam que fosse como? Com uma série de palavras soltas, que apenas eram unidas mas que juntas não faziam sentido nenhum? Para esse peditório já dá gente que chegue.

d) o último dos crimes foi ter dito que se podia pagar propinas a vender pipocas. Claro que o mais simples e o que os betos do costume gostariam de ter ouvido era que os jovens o devem exigir dos pais ou então que seja o estado a pagar-lhes as ditas propinas, os charros e os preservativos também. Mas o que o Miguel queria dizer é o que os betos do costume não gostam de ouvir: é a mexer, a arriscar e a bater o punho que se consegue mudar as coisas. Mas isso só pode ser dito num confortável gabinete com ar condicionado e decorado com uns quadros de Paula Rego, e claro com o respaldo de uns subsídios valentes do estado.

e) o jovem, como agora é referido, ainda por cima veste-se de moda bizarra. Claro que o ideal era um fatinho cinzento da rosa e teixeira, uma gravata azul celeste sobre uma engomada camisa branca com uns botões de punho "montblanc". Ah e claro uns sapatos castanhos da "churchill". Mas o Miguel gosta de se vestir de sapatilhas de cores, de ganga e camisas de colarinho aberto. ah grande país cinzentão para o qual o hábito ainda faz o monge.

Caro Miguel não ligues aos abutres do costume. Aqueles que nada fizeram e que apenas estão habituados ao escárnio e mal dizer. Nada construiram e nada vão construir.  Como bem sabes, continuas a conseguir reunir empresários, empresas, jovens, gente, muita gente que procura acreditar que é possível. Segue o teu caminho, continua a acreditar que é possível mudar o mundo. Basta querer.

Post Scriptum: se me tivesses perguntado ter-te-ia dito para não apareceres com o Relvas. Ele queimava e já cheirava a morto. Mas paciência.

7 comentários:

  1. Assino por baixo.
    Abraço
    João Porto

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  2. Há mais críticas para além das listadas:
    f) o facto de ele partir do princípio que basta trabalhar mais para se ter mais resultados (e que tal trabalhar melhor?)
    g) que todos os portugueses trabalham poucas horas (o que não é verdade, são é menos produtivos por hora)
    h) que se tem que trabalhar muitas horas (e quem tem filhos? abandona-os? ou deixa que a mãe eduque sozinha pois só os homens é que têm direito ao sucesso profissional?)
    i) que todos os estudantes só precisam de dinheiro para pagar as propinas (porque todos podem viver em casa dos pais? ter boleia para a escola? e ter marmita feita pela mãe? e acabar o curso sem material escolar e didático?)
    j) o discurso é repetitivo e o número de ideias limitado
    l) as ideias são mal fundamentadas

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  3. Bento Norte6:04 da tarde

    Mandem-no para a subsídiodependência de que tantos gostam.

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  4. De onde se depreende que o autor não vale mais que o tal "jovem" ou seja, na minha opinião, muito pouco.
    Parabéns.
    AM

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  5. Não percebo como é que ainda à gente a defender este atrasado mental....

    Só mesmo por bairrismo.....

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  6. O azar do rapaz foi mesmo ter sido chamado pelo Relvas...

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  7. Meu caro, em Coimbra não há sotaque. Aqui o único sotaque é o Português. Cumprimentos. Luis Leitão

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