segunda-feira, abril 08, 2013

A pose


Miguel Esteves Cardoso é um homem com vivência e com cultura. E gosta de alardeá-las, no que está no seu pleno direito, para nossa vantagem aliás.

O Miguel teve desde sempre uma certa preocupação em ser original, no sentido de ter um olhar diferente sobre as coisas e as pessoas. Também por isso tivémos ganho pois ajudou-nos muitas vezes a encontrar janelas onde só viamos muros e sobretudo a perceber que é sempre possível ter uma outra prespectiva.

Há um risco, para não dizer uma tentação, quando o objectivo de se ser diferente se transforma numa obsessão, num tique: a afectação da opinião. Essa luxúria da originalidade pode enfraquecer a lucidez que assim se vê prejudicada pelo snobismo de não se ir com a malta e de se sair da manada. É que às vezes, mesmo se tal não acontece na maior parte das vezes, a maioria tem razão.

Este Miguel publica hoje no Público dois artigos que provavelmente ele gostaria que fossem polémicos, mas que são apenas tristes porque paupérrimos na argumentação. Refiro-me à sua defesa de um outro Miguel, o Relvas, e de um outro Relvas, o Sócrates. O MEC é livre de pensar e escrever o que lhe der na gana e é sabido que mesmo as águias são capazes de voos rasteiros. Mas dá um dó de alma ver alguém que sabe pensar e escrever derrapar tão estrondosamente pela simples razão de querer ser diferente da maioria, ou seja, por uma questão de pose. Sim, ali não há uma opinião ou um raciocínio, apenas pose. Ou então a coisa ainda é pior do que eu penso.

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