terça-feira, novembro 20, 2012

Um ano e meio de troika




O pedido de ajuda era previsível. Portugal foi o 3º país do mundo com menor taxa de crescimento durante a primeira década do 3º milénio atrás da Itália e do Haiti. Acumulou dívida atrás de dívida. Antes do pedido formal de ajuda e, durante meses, houve mesmo um programa de televisão com o nome Plano Inclinado (Sic Notícias) onde se dissecava o nosso declínio económico.

Ou seja, o nosso pedido de ajuda não foi motivado por crises bancárias agravadas pela grande crise financeira de 2008. Não se deveu aos especuladores como na Islândia, Irlanda ou mesmo Espanha. Deveu-se a uma crónica perda de competitividade agravada com a entrada no Euro.

A indecisão de Guterres fez cair o país num pântano político. Barroso ainda acenou com um choque fiscal mas vacilou e partiu para Bruxelas. Santana foi rapidamente encostado e Sócrates perdeu-se em grandes obras.

O programa de ajustamento criou, assim, uma legítima expectativa de o mesmo ser uma oportunidade para mudar a economia do nosso país. Iam-se enfrentar os interesses instalados, flexibilizar as relações laborais, privatizar, regulamentar, enfim... pôr tudo na ordem. Era um verdadeiro programa de governo como nunca houve

Um ano e meio depois, também por força dos condicionamentos externos, i.e. União Europeia, o programa de ajustamento pouco mais é do que um programa de redução de custos de trabalho (salariais) e de aumento de impostos. Para além da consequente redução do consumo interno e do benéfico reequilíbrio da balança comercial externa pouco mais houve. É pouco.

A troika ainda propôs uma desvalorização fiscal (descida da TSU) para aumentar o crescimento e conter o desemprego mas a medida, por entre muita inabilidade política, também caiu sob um coro de protestos de todos os quadrantes da sociedade.

A vinda da troika tem que ser mais do que uma desvalorização salarial.

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