O pedido de ajuda era previsível. Portugal foi o 3º país
do mundo com menor taxa de crescimento durante a primeira década do 3º milénio
atrás da Itália e do Haiti. Acumulou dívida atrás de dívida. Antes do pedido
formal de ajuda e, durante meses, houve mesmo um programa de televisão com o
nome Plano Inclinado (Sic Notícias) onde
se dissecava o nosso declínio económico.
Ou seja, o nosso pedido de ajuda não foi motivado por crises
bancárias agravadas pela grande crise financeira de 2008. Não se deveu aos
especuladores como na Islândia, Irlanda ou mesmo Espanha. Deveu-se a uma
crónica perda de competitividade agravada com a entrada no Euro.
A indecisão de Guterres fez cair o país num pântano político. Barroso ainda acenou com um choque fiscal mas vacilou e
partiu para Bruxelas. Santana foi rapidamente encostado e Sócrates perdeu-se em grandes obras.
O programa de ajustamento criou, assim, uma legítima expectativa de o mesmo ser uma oportunidade para mudar a economia do nosso país. Iam-se enfrentar os interesses
instalados, flexibilizar as relações laborais, privatizar, regulamentar,
enfim... pôr tudo na ordem. Era um verdadeiro programa de governo como nunca houve!
Um ano e meio depois, também por força dos condicionamentos externos,
i.e. União Europeia, o programa de ajustamento pouco mais é do que um programa
de redução
de custos de trabalho (salariais) e de aumento de impostos. Para além da
consequente redução
do consumo interno e do benéfico reequilíbrio da balança comercial externa pouco
mais houve. É pouco.
A troika ainda propôs uma desvalorização fiscal (descida da TSU)
para aumentar o crescimento e conter o desemprego mas a medida, por entre muita inabilidade política, também caiu sob um coro de protestos de todos os quadrantes da sociedade.
A vinda da troika tem que ser mais do que uma
desvalorização salarial.
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