Há algo de obceno nesta passagem em Gaia do
candidato (à presidência da República) Barroso pela engenharia do candidato do
PSD à Câmara do Porto. Tanto um como o outro estão dispostos, se necessário
for, a vender a mãe para atingirem os seus objectivos.
O candidato Barroso, que já deve ter percebido
que a sua carreira europeia não se vai prolongar, vem repetidamente ao norte
pescar votos, dragões e apoios na ala do PSD que antes dizia combater. Mistura
Gaia e Porto e fala de ambas as cidades como um regedor falaria da freguesia
que mal conhece. Ele, um dos maiores campeões da austeridade, elogia uma das
maiores dívidas municipais portuguesas, como se fosse um mestre-escola a pousar
a mão na cabeça da menina que lhe acabou de recitar um poema.
E o fulano de Gaia, tal como um parolo que se
baba por receber em casa o feitor das hortas, esquece que os novos mil milhões
recentemente prometidos vão para Lisboa e Madeira, esconde que o convidado é o
principal responsável pelo “spill-over” que tantos fundos desviou e desvia do
norte, e olvida a outrora natureza sulista e elitista do novo parceiro para que
no aperto de mão venham o apoio e a consagração políticas que julga fazerem-lhe
jeito.
Estão um para o outro. Mas como diz alguém, o
eleitor há-de responder a estes fregueses.
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