domingo, novembro 25, 2012

Afinal há dois Judas


Há algo de obceno nesta passagem em Gaia do candidato (à presidência da República) Barroso pela engenharia do candidato do PSD à Câmara do Porto. Tanto um como o outro estão dispostos, se necessário for, a vender a mãe para atingirem os seus objectivos.

O candidato Barroso, que já deve ter percebido que a sua carreira europeia não se vai prolongar, vem repetidamente ao norte pescar votos, dragões e apoios na ala do PSD que antes dizia combater. Mistura Gaia e Porto e fala de ambas as cidades como um regedor falaria da freguesia que mal conhece. Ele, um dos maiores campeões da austeridade, elogia uma das maiores dívidas municipais portuguesas, como se fosse um mestre-escola a pousar a mão na cabeça da menina que lhe acabou de recitar um poema.

E o fulano de Gaia, tal como um parolo que se baba por receber em casa o feitor das hortas, esquece que os novos mil milhões recentemente prometidos vão para Lisboa e Madeira, esconde que o convidado é o principal responsável pelo “spill-over” que tantos fundos desviou e desvia do norte, e olvida a outrora natureza sulista e elitista do novo parceiro para que no aperto de mão venham o apoio e a consagração políticas que julga fazerem-lhe jeito.

Estão um para o outro. Mas como diz alguém, o eleitor há-de responder a estes fregueses.

 

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