Eu, tal como o Estado, com vergonha o confesso,
também me endividei. No entanto, ao contrário do Estado, pedi dinheiro
emprestado para comprar activos, móveis ou imóveis, que existem e têm (algum,
pelo menos) valor e utilidade. Não deitei o dinheiro fora.
Há, ainda, outra diferença entre o meu percurso
e o do Estado que não é um pormenor: eu era solvente, tinha dinheiro, ou boas perspectivas de o gerar, para pagar a
minha dívida. Até que o Estado violou o contrato social que tinha comigo –
também gosto de dizer estas coisas de "esquerda" – e me começou a roubar, em vez de me
tributar justamente, para poder pagar as dívidas dele.
O resultado disto, infelizmente, é que eu, que
era solvente, posso vir a deixar de o ser em consequência do assalto fiscal,
sem que apesar disso o Estado resolva o problema dele, pois não reduz a sua despesa nem vai aumentar a receita fiscal. Pode ser até que não haja margem para
fazer outra coisa, mas é impossível que não se tenha consciência de que ao
tributar desta forma as famílias e a economia em geral se destrói a poupança, o
investimento e o consumo. Em suma, acaba-se com as empresas e com o emprego.
Os juros da dívida e a redução do défice de
2013 sabemos quem vai pagar. Em 2014 não sabemos, receio bem que não restará ninguém
para pagar.
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