terça-feira, junho 26, 2012

Mais um petardo



Um dos convidados pela Câmara do Porto para o passeio no rio Douro na noite de S. João publica hoje no Público um artigo contra a ideia de extinção do Tribunal Constitucional.

Este assunto interessa-me pois eu próprio me questiono sobre a necessidade e utilidade de uma tal instituição num país como o nosso. A leitura do artigo decepcionou-me pois não encontrei ali nenhuma nova informação ou argumento que me ilumine sobre o tema.

Invocar os exemplos alemão e norte-americano, cuja natureza de estados federais implica uma outra complexidade que nos falta, ademais sem explicitar onde é que tais exemplos demonstram a bondade da solução, não colhe. Se ao menos enunciasse os prejuízos evidentes nos países onde não existe um tribunal constitucional..., mas um tal exercício supera as forças do articulista.

Afirmar a anti-democraticidade da extinção sem a fundamentar também não deixa de ser uma crença ou, com algum favor, uma opinião. E parece-me irrisória a ideia simplória de que o que é antigo não presta e de que o que é moderno tem devir.

De qualquer forma o artigo do eurodeputado Rangel não deixa de ter algum mérito: ajuda-nos a abrir portas, normalmente as que ele quereria fechar. A apreciação da constitucionalidade da lei ou de um acto de poder é um juízo que deve estar ao alcance de qualquer tribunal e se e quando houver contradição de juízos, pois que se operem as vias de recurso normais, se preciso for até ao Supremo.

A boutade semi-terrorista de chamar “repartição” a um Colectivo do Supremo não desqualifica este mas sim o seu autor, o tal que se erege em defendor da legitimidade do poder judicial. Mas aceitemo-la como um petardo de S. João, na ressaca do entusiasmo do passeio náutico.

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