quinta-feira, janeiro 26, 2012

Um novo circo

Ao decidir que um presidente de Câmara Municipal ou de Junta de Freguesia não poderia candidatar-se a um quarto mandato consecutivo, o legislador confessou a sua impotência para combater a corrupção, preferindo o meio mais fácil, mais demagógico e menos democrático para “arejar” os chamados ‘dinossauros’ e abrir espaço para novas carreiras. Ao mesmo tempo, ao votarem essa lei, as direcções partidárias confessaram a sua cobardia ou incapacidade de impôrem elas próprias critérios internos para desbloquarem a rigidez dos seus aparelhos. Aliás, e não conhecendo bem a lei em causa, gostava já agora de perceber se a sua razão de ser não seria igualmente aplicável a outros presidentes, sejam eles de região, de instituto, de fundação ou de empresa pública.

Mas uma vez que existe essa lei, custa-me muito compreender que de repente ressurja o ponto de vista de que o tal presidente possa afinal candidatar-se a um quarto mandato (e depois quinto e sexto), na condição de que seja na autarquia do lado. Tudo isso cheira a esperteza que cai mal e que não dignifica ninguém. Será lamentável que venhamos a assistir a uma espécie de carrocel em que vizinho empurra vizinho para que fiquem todos na mesma.

Mais vale ir ao circo.

1 comentário:

  1. Bastava só isto: Ninguém pode concorrer fora do distrito ou concelho onde resida ou exerça actividade regular pelo menos nos últimos três anos sendo esta coisa tão simples válida para AR e Autarquias como é bom de ver. Assim, o que nos querem dizer é que compadrios e corrupções continuarão validadas em rédea solta, bastando para tal mudar de poiso e ir ceifar em ceara alheia. Quando é que este povão sempre dado a pantominas se ergue a valer para exigir uma nova lei eleitoral que retire das mamas da porca os sebosos e sempre famintos acantonamentos partidários, que nunca se fartarão se não forem atirados á força para fora da gamela?

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