Ai, credo!

De repente não há bicho careta que não fale em ética (não sei se a republicana se a outra- qual outra? a “outra”, estúpido!) e há mesmo alguns excitados que até falam em moral, mas neste caso deve ser por ignorância semântica. Li mesmo a filosófica conclusão de um grunho de serviço que fala em gatunos, ladrões e perdões.

E porque sim, que se entornou um Pingo e que o Doce amargou, como se não se conhecessem há décadas a política de compras do dito, que prefere fornecer-nos com produtos sul-americanos, para benefício, diga-se de passagem, de todos nós consumidores que lhe agradecemos os preços assim mais austeros.

Há quem afirme, por causa do assunto, que aí está a prova da urgente necessidade de harmonização fiscal a nível europeu. Fazem-me lembrar as tias solteironas e catatutas do século XVIII, que preconizavam atar uma cadeira à perna para que as esposas não saíssem de casa.

Ainda bem que há concorrência fiscal. Ainda bem que há os irlandeses a resistirem a essa pressão absurda de os obrigarem a subir os impostos para os nivelar com o desleixo francês e a obesidade latina. Ainda bem que há os holandeses que não admitem que o seu Estado se sente encima deles. São esses espelhos que precisamos, que nos devolvam a imagem da nossa complacência com o nosso Estado glutão e poltrão. Ainda bem!

Entretanto, os entertainers do costume distraem-nos com os seus números de road-shows, mais planos de negócios, juntando-lhes uns pós de primavera patriótica e ética. Hão-de ir longe, que é como quem diz, vão à loja chinesa em up-grade e ao Carrefour.