A Europa decide, a muito custo, um programa de solução da crise. No dia seguinte o PM do país que mais beneficia dessa solução (perdoam-lhe metade da dívida e ainda o deixam ficar com a moeda forte!!! apesar de alguns preços de austeridade que lhe exigem em troca) decide, no pleno exercício da sua liberdade democraticamente adquirida, decide anunciar a realização de um referendo à aplicação desse pacote. Tinha o direito de o fazer, evidentemente, embora pelos vistos os seus compatriotas não concordassem com ele, a avaliar pelos resultados subsequentes.
O que não tinha o direito era de não ponderar as consequências da sua decisão para a CONFIANçA na economia. Confuso? Passo a explicar.
Vamos ser optimistas; digamos que a probalidade de vencer o sim era igual á da vitória do não. É uma taxa de risco de 50%. Você, caro leitor, estava disposto a investir com uma taxa de risco de 50%? Comprava a sua casita se a probabilidade da divida passar para o dobro fosse igual à de ela se manter igual à do momento da sua decisão?
Racionalmente só há uma resposta. Não. Por isso, os investidores desconfiaram que não havia CONFIANçA para esperar um mês pela decisão do Povo (grego, neste caso e não por acaso).
Ou seja: o principal problema da gestão da crise na Europa é não haver silêncio suficiente. E não há porque como não existe uma instituição central que fale por todos, cada um quando fala é tomado pelo todo. E daí a cacofonia a que temos assistido.
Nestas circunstâncias não há condições para haver CONFIANçA. E quando esta não existe, não se investe. E esse é o próximo problema da Europa. Sem investimento, não há crescimento.
Não me parece que a falta de confiança aqui gerada pelo PM Grego se prenda com o resultado do referendo em si (que até lhe deveria ser largamente favorável), mas tão só com o facto de ter aceite um acordo sem então informar os seus parceiros de que ainda o iria submeter a referendo interno.
ResponderEliminarAssim, ao fazê-lo sem reservas, permitiu que tivesse sido anunciado tal acordo como definitivo, quando ainda não o era. Daí que um acordo que justamente pretendia acalmar os mercados tenha provocado nestes uma natural reacção inversa.
A Sra. Merkel também teve de o submeter previamente ao seu parlamento, mas disto informara os demais parceiros. Por isto que o acordo foi apenas genericamente informado na cimeira do fim-de-semana em Bruxelas e só na tarde da quarta-feira seguinte foi comunicado como definitivo, após a sua prévia aprovação parlamentar em Berlim na manhã desse mesmo dia.
FRF