domingo, outubro 16, 2011

"centros de decisão nacionais"

Não usei o título que me apetecia (seria: PQP os centros de decisão nacionais); por pudor, mas lá que tinha vontade, tinha...

E corresponde ao que sinto e penso, de há muito tempo. Há muitos culpados da situação a que o País chegou. Mas se houvesse necessidade de simplificar, para efeitos explicativos, eu escolheria como principal culpado a defesa dos centros de decisão nacionais.

Por razões simples. Se o que se pretende é defender a classe média, a política tem de se orientar para duas prioridades básicas: a promoção do mérito e a defesa da concorrência. Podia perder aqui muitas linhas para o explicar, mas ficarei pelo essencial: o que define as sociedades modernas e avançadas, da pós-social democracia, é o sucesso e a massificação da classe média.

Infelizmente, a terciarização das economias nas últimas duas décadas foi acompanhada por uma submissão dos interesses da classe média aos interesses da finança sofisticada. Em Portugal este fenómeno foi agravado, profundamente, pelo suposto interesse de defender a existência de centros de decisão nacionais.

Como o País não tinha dinheiro para ter centros de decisão, os sucessivos governos endividaram-se para garantir a preservação dos centros de decisão. Fizeram-no fazendo mal as privatizações; nos casos mais graves, através de acções douradas que deram ao Estado um poder que ele não sabia exercer. O que sabia e não deixou de fazer foi ocupar os lugares dos centros de decisão com os seus protegidos. Pagando-lhes como se tivessem sido escolhidos pelo mérito.

Pior, para acalmar a classe média, foram aumentando os níveis da dívida, sobretudo externa, com a desculpa de que o euro nos protegia, através de promessas insustentáveis quer nas reformas, quer nos serviços públicos, a começar pelos transportes.

Pior ainda, estimularam-nos a também assumir dívidas, através dos bancos, para parecer que estava tudo a correr bem e que até havia muita concorrência na oferta de serviços.

Pior do que isto, foi terem cooptado os poucos grupos privados para fazerem negócios à maneira deles, com dívidas e com lugares a distribuir pelos de sempre.

POR TUDO ISTO, E PELO MUITO MAIS QUE ISTO SIGNIFICA, AQUI EXERçO O MEU DIREITO À INDIGNAçÃO!!
POR TUDO ISTO EXIJO QUE ME EXPLIQUEM ONDE É QUE O ESTADO VAI CORTAR NA DESPESA QUE NÃO SEJA O MEU SALÁRIO E A MINHA REFORMA!!!
POR TUDO ISTO E PORQUE HÁ CULPADOS EXIJO QUE ACABEM COM TODAS AS PPP!
POR TUDO ISTO EXIJO QUE PRIVATIZEM TUDO O QUE PUDEREM, RAPIDAMENTE E A QUEM QUISER PAGAR O QUE FOR POSSÍVEL!
FINALMENTE EXIJO O MAIS IMPORTANTE: NÃO PAGUEM TUDO O QUE DEVEMOS, ASSUMAM QUE O PAÍS NÃO PODE E RENEGOCEIEM ESSA MERDA!

É que se vou ficar mais pobre, os meus pais e os meus filhos também, tenho direito de exigir que os cúmplices do estado a que chegamos também fiquem: os credores que paguem a crise!

1 comentário:

  1. Competência não serve para nada. A subserviência, essa sim! Anexe a ficha do partido ou o cartão de militante ao Curriculum Vitae. É mais de meio caminho andado.

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