quarta-feira, julho 13, 2011

Arca de Noé (3)


A Sexta de todos os perigos é já depois de amanhã.
Há um Conselho Europeu extraordinário que se reune em Bruxelas e nesse mesmo dia serão dados a conhecer os resultados dos testes de resistência aos bancos europeus.

Onde antes se diabolizava qualquer conversa sobre uma eventual reestruturação das dívidas soberanas, agora discute-se a baixa dos juros, o prolongamento dos prazos e o perdão de partes da dívida, sob capa do eufemismo “participação do sector privado”. Mas ainda vai demorar o seu tempo a ideia de emitir eurobonds.

Ora, tempo é coisa que já se esgotou no mercado e esta lentidão é mortal. No outro dia o presidente da Comissão anunciava que iria propôr a regulamentação das agências de rating, assunto, dizia ele, sobre o qual já pensara há dois anos. Mas, espanto dos espantos, a coisa será para propôr no Outono, que como se sabe dura até 21 de Dezembro. Se considerarmos que uma proposta ainda demora em média dois anos a ser discutida e aprovada, ficamos entendidos quanto ao sentido de urgência destes senhores.

Por cá, fala-se muito em transparência e não há ex-responsável político que não formule uma receita e as suas críticas aos erros passados, mas nenhum assume a sua responsabilidade e todos aceitam que não é preciso fazer uma auditoria independente às contas públicas por receio de que debaixo do tapete nos saia um monstro grego embrulhado em mentiras e manipulações.

Uma pergunta e uma sugestão:
Qual é a companhia de seguros onde se vêm centralizando os CDS (credit default securities)? Suíça, francesa ou inglesa?
A sugestão é criar uma agência de rating para os dirigentes políticos, já que o lixo está na moda.

3 comentários:

  1. Caro Douro
    Será que ainda vamos assistir a uma unanimidade em torno das propostas originais do BE e do PCP, sobre este particular, que tão vilipendiadas foram durante a campanha eleitoral, quer pelos partidos "do arco" quer pela comunicação social "do regime" (quando todos sabiam que eram as únicas razoáveis) e que, como consequência, foram rejeitadas pelos tais 85% de votantes nos partidos "respeitáveis"?

    Até onde pode chegar o cinismo de uns poucos e a ignorância de tantos?

    Um abraço amigo.

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  2. ok.. afinal nem sempre dominamos assim tão bem os assuntos sobre os quais escrevemos: CDS = credit default swaps not securities

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  3. Tem razão o anónimo: nem sempre dominamos a integralidade dos assuntos sobre os quais escrevemos. Mas embora o S signifique 'swap', trata-se na verdade de um contrato de transferência de risco, portanto de um seguro, e daí a confusão. De qualquer forma, obrigado pela correcção.
    douro

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