terça-feira, junho 14, 2011

Um Portuense em Lisboa

Por motivos profissionais e pessoais, não tenho necessidade de me deslocar a Lisboa. Até gosto de algumas zonas da cidade e sobretudo de a visitar como turista, mas pelas razões apontadas anteriormente, são raras as minhas deslocações à capital.

No passado dia 4 de Junho resolvi dar uma forcinha à nossa Selecção, mesmo consciente que tinha de “visitar” o Estádio da Luz. O primeiro cuidado a ter foi com a roupa. Pela primeira vez, senti-me na pele de uma mulher. Até tem a sua graça. Comecei por escolher uma t.shirt verde, uma das cores (a que se safa) da nossa Bandeira Nacional. Tudo certo até aqui. Tudo certo? Não! A t.shirt tinha sido comprada no passado dia 18 de Maio, em Dublin e fazia referência à República da Irlanda. Tinha de mudar, caso contrário poderia ser identificado como adepto do FC Porto e, para lá de levar com umas pedritas, ainda me arriscava a ficar sem luz no meu lugar e levar uma valente rega. Daquelas que chove de baixo para cima. Mudei para uma vermelha, mas com um perfil de uma cabeça de galinha estilizado, de modo a julgarem que era a cabeça da águia vitória. Agora sim! Podia ir para Lisboa.

Viagem tranquila na A8, um dos exemplos da má governação do País, onde raramente se encontra um carro, sobretudo entre Leiria e Torres Novas (para não falar no “deserto” auqe dá pelo nome de A17). Andamos nós a pagar este absurdo, quando poderiam ter feito uma estrada tipo aquelas secundárias (e fantásticas) que existem em França. Mas “porquê pagar menos de metade quando se pode pagar o dobro? O dinheiro nem é nosso”, terão pensado alguns dos bons políticos que tomaram esta decisão. Sabiam que não seriam julgados por gestão danosa…

Chegados a Lisboa, fomos recebidos com uma valente carga de água. “será da t.shirt?”, pensei eu. Só podia. Pois, segundo as nossas rádios, nunca chove em Lisboa. E quando chove, tem de chover no País todo. Cretinos! Ou teria sido por estarmos a passar pela sede do FC Porto em Lisboa? O certo é que a coisa começou mal.

Decidimos continuar dentro do carro em direcção a Belém, mas um desvio oportuno, junto ao Terreiro do Paço, levou-nos para o Chiado. Feliz decisão. Aqui está uma das zonas fantásticas de Lisboa, daquelas que recebem milhões do Estado, enquanto a nossa zona histórica (e Património da Humanidade) vai penando e, a muito custo, recebeu um milhãozito. Mas o povo do Porto votou maioritariamente nos partidos do dito Bloco Central, pelo que podem continuar a mesma política centralista. Aproveitaram os Lisboetas e bem. Mas também correram com o Sócrates! Só falta correrem com o “Obama Lusitano”. A seu tempo…

Chiado. Prédios recuperados e bonitos. Lojas modernas. E a Santini! Não é a mesma qualidade de há 40 anos em Cascais, mas vale sempre a visita. Largo do Carmo. Uma maravilha. Enfim, sentimos sempre vontade de voltar.

Da slow life, partimos para a Catedral…do consumo. O CC Colombo. Mesmo em frente ao Estádio onde Portugal ia jogar. Reforço Portugal!!! Mais adiante vão perceber porquê…Para lá da paragem da viatura, havia que fazer um abastecimento técnico-alimentar (ficou sublinhado a vermelho, o que indica que não existe esta conjugação de palavras). Mas vai ficar assim que eu gosto. Tudo o que era comida estava “à pinha”. Sobretudo aqueles locais mais populares e que engordam ainda mais que os outros. Encontrei, por acaso, um sushi. Alegria. Sushi feito na hora e com mesas reservadas. Um luxo! Segundo contratempo. Ninguém respeita as mesas reservadas do Sushi. Até uma Mãe com o seu rebento de 7 anos (mais ou menos) fica indignada por a mandarem embora e, dando uma lição de boa educação ao filho, “ladra” o seguinte: “muito bem…até porque as mesas estão cheias”. Triste povo. É por isso que se estaciona em qualquer lado. É por isso que, saídos da “jaula” após o 25 de Abril, andam aí à solta a fazer o que querem. E, pior do que isso, vai-se transmitindo de geração em geração. Só têm direitos. Deveres? Zero! Que saudades de alguma autoridade.

Pronto! Sushi maravilhoso para trás; aqui vamos para o Estádio da Luz. Entrada tranquila. Teste da roupa ultrapassado. Lugar fantástico no 3º anel nascente e bem central. Só falta mesmo uma vitória (a águia NÃO!).

Antes do jogo, somos brindados pelo YMCA (a música). Penso para mim: “deve ser o hino benfiquista”. Fico com a certeza quando repetem no final do jogo. Mas o reportório musical não acaba aqui…Não! Somos brindados com o “cheira bem, cheira a Lisboa” umas 5 vezes. Pensei eu que estava a ver um jogo da Selecção Nacional, mas deveria estar a ver um jogo do “Unidos de Lisboa”, tipo Selecção de Andorra. Depois os “Provincianos” são os do Norte. No intervalo, somos brindados por um “Quiz” da Galp que, tal como a programação das nossas televisões, tenta nivelar (ainda) mais por baixo a “cultura” do povão. Uma desgraça que recuso transmitir nestas linhas. Sobre o jogo não vale a pena falar muito pois já foi comentado “mil vezes” pelos inúmeros doutos na matéria, provenientes de inúmeros artigos nos jornais e de inúmeros programas sobre a temática. Viva o defeso!!!

Fim do jogo. Acessos medíocres (como é possível?!?!) para descer e sair do estádio e passo alargado para o chegar ao parque de estacionamento do Colombo e “ala que se faz tarde”!...rumo à Nazaré. E assim, sobrevivemos a mais uma aventura na Capital do Império. Tirando o Chiado, não deixa saudades.



Nuno Ortigão

5 comentários:

  1. Esta coisa de passar um dia a respirar o mesmo ar que respiram os iluminados da nossa praça dá mesmo energia...
    FRF

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  2. Caro Carlos Furtado,
    no estádio da Luz cantam alguns, com graça, o «cheira bem, cheira a Lisboa». Nas Antas, insultam a senhora minha mãe. Na Luz, o símbolo do Porto aparece nos ecrãs e com o mesmo tamanho do do Benfica. No Porto, surge em tamanho mais pequeno. Na Luz, os adversários têm nome. Nas Antas, o Benfica é designado por "adversário". Tenho muito bons amigos do FCP, decentes e civilizados, mas se há coisa ordinária, rasca e rasteira (embora eficaz, vitoriosa, ambiciosa, etc.) é o clube pelo qual sofre. Não queira dar lições do quer que seja em matéria de futebol
    Cumprimentos,
    JB

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  3. Ó JB

    O Furtado é do Boavista. E sofre bastante com isso...

    Um abraço

    JAC

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  4. Isto vai atrasado, mas só agora descobri o post:
    Não admira que raramente encontre um carro na A8 entre Leiria e Torres Novas... admira-me até como conseguiu ir de Leiria a Torres Novas pela A8! É a mesma probabilidade de encontrar um carro entre Leiria e Torres Vedras seguindo pela A1...
    Para a próxima vez que se desloque ao Sul, aconselho-o a tomar a A8 se quiser passar por Torres Vedras ou a A1 se pretender vislumbrar Torres Novas

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  5. Mas finalmente, com mais ou menos carros, ambas servem para ir da Torre dos Clérigos à Torre de Belém.
    Lá vamos, cantando e rindo ... torres e torres erguendo...
    FRF

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