segunda-feira, junho 20, 2011

TEM DE DAR CERTO

Pedro Passos Coelho surpreendeu-me pela positiva com este governo. Conseguir entregar a independentes, depois de o PSD estar tanto tempo fora do governo, pastas tão importantes como a Saúde, a Educação, as Finanças e a Economia, revela vontade de fazer bem as coisas e autonomia. Já não é nada mau.
Por outro lado, os independentes escolhidos têm todos muita qualidade. É claro que uma coisa é estudar e comentar os problemas, como explicou Vasco Pulido Valente, outra bem diferente é tomar decisões e resolvê-los, pelo que a realidade poderá destruir rapidamente as ilusões dos ministros independentes. Todavia, o que não se pode negar é que houve preocupação em escolher pessoas inteligentes, com ideias e que sabem pensar.
Outro dado importante, embora naturalmente não seja um valor em si mesmo, é a juventude do governo. Comecei a sentir-me velho quando os jogadores de futebol passaram a ser todos mais novos do que eu. Tenho agora consciência de que estou muito velho quando os ministros têm um bom par de anos menos. O que a juventude tem de bom é que pode representar uma mudança relativamente aos modelos e práticas anteriores que tiveram resultados conhecidos. Espero, e há muitas razões para achar que isso vai suceder, que os novos ministros, em particular os do CDS - que têm tarefas bem pesadas e complexas à sua frente -, tenham os maiores sucessos. Como dizem os brasileiros, tem de dar certo.
A vida do governo não vai ser fácil e um sinal disso já está a ser dado por Seguro. Se repararem, António José Seguro refere-se sempre ao acordo com a troyka como tal se tratasse de um compromisso assumido por José Sócrates embora salvaguardando que tenciona honrá-lo. A primeira vez que reparei nisto, numa entrevista ao Público, não dei grande relevância. Contudo, verifiquei que esta atitude é recorrente. Alguém tem de lhe recordar que o acordo não foi assumido por José Sócrates, foi aceite e negociado pelo Governo do Partido Socialista, com o acordo do PS e do próprio António José Seguro, de quem nunca ninguém ouviu uma palavra em contrário. Ao pretender "honrar" o acordo, Seguro está a tentar dizer-nos que se vai esforçar por reconhecer o que Sócrates combinou mas que isto não é nada com ele. Começa mal porque esta posição não parece séria. Foi este tipo de malabarismos que nos trouxe até aqui. Seguro não parece fazer parte da solução.

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